quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Grécia Antiga - resumo para a P2




O Período Homérico e parte do Período Arcaico. dando tempo, postarei o restante - vamos que vamos, moçada!


HISTÓRIA   ANTIGA  -   Resumo para a P2

GRÉCIA ANTIGA:
O conjunto de traços que se articularam para compor o que chamamos de Grécia Clássica desenvolvera-se a partir  do século X a.C, aproximadamente (Época Homérica, 1100 – 700) . A formação da ‘pólis’ grega data do Período Arcaico (700 – 500, aproximadamente). O Período Clássico corresponderia ao século V e parte do IV (499 – 350) e o declínio, a partir do restante do século IV (340 – 146), sob a Era Helenística.
Podemos admitir que a Ilíada e a Odisséia remetem-nos a três períodos históricos específicos: A Idade do Bronze, dos palácios micênicos; o mundo estabelecido após a chegada dos dórios na Grécia; a época de Homero (séc. VIII a.C).
ÉPOCA HOMÉRICA:
O mundo que se seguiu à destruição de Micenas é também conhecido pelo nome de “Idade das Trevas”; uma civilização florescente ser substituída por um período de declínio acentuado do nível de vida, seguido por uma reestruturação sócio-econômica, onde os alicerces da futura Grécia Clássica foram inicialmente assentados. Os dois poemas  supracitados de Homero fornece-nos uma informações importantes sobre a economia e a sociedade.
Oikos, seria traduzido como casa, família. Em Homero, seu significado se amplia: seria uma unidade econômica, humana, de consumo e produção. Um chefe guerreiro e sua família, escravos e servidores, bens imóveis, terra, casas, ferramentas, armas, gado,etc. O trabalho produtivo dum oikos era realizado por escravos, obtidos geralmente em atividades de pilhagem e saque. Outro modo de obter os escravos era através de compra. Mesmo com os escravos realizando tarefas produtivas, nada impedia que o chefe de um oikos participasse dessas atividades; Aristóteles diria mais tarde que “[...] o que faz a condição de um homem livre é que ele não vive sob o constrangimento de outrem[...]”.
Todas as atividades domésticas , desde banquetes até a tecelagem, eram supervisionadas pelas senhoras da casa. O tratamento aos escravos era diferenciado para alguns, dependendo de sua fidelidade ou boa vontade no cumprimento das tarefas. A condição do escravo num oikos era muito melhor que a de muitos livres pobres, relatados na Odisséia. O caso do escravo Eumeu é significativo nesse ponto. Abaixo dos escravos em condição social, está o teta: homem sem posses ou especialização alguma, solto no mundo, não contava com a proteção de ninguém. Outra categoria entre os homens livres é o demiurgo, traduzido aqui como sendo indivíduos com alguma especialização ou habilidade manual, artesãos itinerantes que, por ocasião de alguma necessidade que fuja às capacidades do oikos, o chefe do mesmo manda-os vir. Sua destreza numa atividade confere-lhes uma posição mais privilegiada entre os homens livres.
    Apesar da importância destes ‘technoi’, o grego daquela época nutria um sentimento  de desprezo por aquele trabalhador e pelo trabalho: a figura do grande proprietário de todo oikos, que detinha o poder político, fazia parte de uma aristocracia fechada cujos membros se identificavam graças a uma mesma posição social e econômica, reforçando sua união por laços de parentesco, fidelidade e amizade – esta era a figura de proa da sociedade Greco-homérica, e o sentimento de desprezo pelos demiurgos encontra eco no panteão olímpico que veneravam: Hefaísto ou Hefestos, o Artesão Divino, que forjava as mais belas armas e baixelas para os deuses era, ao mesmo tempo, um ser horrendo , deformado; por ser artesão, jamais poderia igualar-se em beleza e perfeição aos outros deuses.
     Segundo Homero, esta aristocracia reunia-se em Assembléias e deliberava sobre os destinos da comunidade; dentre eles, um era nomeado rei. Sua nomeação derivava de sua habilidade guerreira e sabedoria além da riqueza material. Nas Assembléias deliberativas, o “povo” participava também, mas apenas para encorpar a reunião, sem poder de decisão ou sequer deliberação sobre quaisquer questões. Mesmo antes do nascimento da ‘pólis’, nota-se uma relativa tensão entre o poder individual do rei e o poder da aristocracia. Parece existir de igual forma um conflito entre o oikos econômico e o resto da comunidade.  
    A autarquia econômica dos oikos pressupõe um ideal caro à civilização grega: cada oikos procurava bastar-se a si próprio em tudo o que fosse necessário, embora dois produtos indispensáveis vinham de fora: metais e escravos. E como o comércio era uma atividade mal vista, relegada a segundo plano na sociedade grega, próprio para bárbaros, somente em casos extremos é que os gregos trocavam objetos necessários, mas estritamente equivalentes, de modo que nenhuma das partes sairia lesada na transação. O que faltava (metais e escravos, além de tecidos finos) em sua sociedade era obtido através de pilhagens, saques e dos sistemas de dom e contra-dom.

PERÍODO ARCAICO:
Bem mais documentada e com apontamentos mais fiéis sobre problemas pessoais, sentimentos ante situações concretas, esse período contém uma boa gama de informações de tal sorte que, mesmo nenhum documento escrito em prosa, lei, texto cotidiano ou decreto, podemos obter mais apontamentos da poesia do período arcaico do que dos poemas homéricos: Hesíodo (séc.VIII a.C), Alfeu, Safo, Arquíloco, Teognis, Sólon (Sécs. VIII – VII a.C).
     A mais importante criação do Período Arcaico foi, sem dúvida, a pólis, uma comunidade autônoma politicamente, auto-suficiente no plano econômico. Para que a polis existisse, do ponto de vista material, deveria ter um lugar central para reuniões  dos cidadãos, edifícios religiosos e públicos – a ágora. Uma acrópole (cidade alta) era necessária, como medida defensiva. Afora esses dois itens,  cada cidade-estado (polis) desenvolvia-se de um modo diferente, tinha dimensões diversas, etc.
    As causas do desenvolvimento de pequenas comunidades isoladas e politicamente autônomas tem sido explicada, muitas vezes, pela geografia: a Grécia é toda dividida por montanhas e pequenos vales, de difícil comunicação entre as comunidades. Para o historiador Finley,  “A tenacidade das pequenas comunidades independentes só pode ser explicada como um hábito resultante de uma profunda e enraizada convicção a respeito de como resolver o ‘viver junto’ (Ancient Greeks, pg 33). E é no Período Arcaico que os traços da cidade-estado vão se consolidando e se define o estatuto do cidadão, a prática da comunidade igualitária e, portanto, da democracia.
     A medida que o cidadão vai se liberando do exercício direto das atividades econômicas (essencialmente o trabalho no campo) para se dedicar às tarefas políticas, vai sendo substituído pelo escravo como força de trabalho. Como ressalta Austin: “Passa-se do domínio do pré-direito ao do direito”. Essa transição foi repleta de crises (stáseis); o poder da aristocracia residia na posse de terras, das melhores, inclusive. Hesíodo reflete uma tensão entre a aristocracia governante e a noção de comunidade que brota aos poucos.  Os grandes proprietários tendiam a aumentar ainda mais a quantidade de terras, expandir suas posses; num país pobre de terras como a Grécia, o pequeno proprietário não conseguia suprir seus sustento e o de sua família e, por isso, recorria a empréstimos (não em dinheiro,mas  geralmente em espécie)ao mais rico. Chamado de hectomoro, o devedor tinha que entregar um sexto de sua colheita e, no caso de insolvência, o indivíduo entregava-se ao credor de modo a ser escravizado ou ser vendido como tal. Ao morrer, suas terras eram repartidas igualmente entre os filhos, tornando os lotes, além de exíguos e pobres, insuficientes para o sustento de uma família. Resumindo: não havia terras para todos, o solo não produzia suficiente alimento para todos e as boas terras estavam nas mãos de poucos, que usufruíam do poder político.
     Uma das saídas para essa crise foi a colonização (sécs. VIII – VII a.C): com recursos fornecidos pelo Estado, grupos de colonos deixavam suas cidades e partiam em direção a oeste: Itália do Sul e Sicília. Ali, fundavam novas póleis e tentavam reconstruir o seu mundo como na Grécia, à procura de terras novas, onde pudessem plantar o que lhes faltavam.

     A apoikia era o tipo mais freqüente de colônia:  colônias autárquicas, eram cidades independentes que mantinham ainda laços religiosos e de aliança com suas metrópoles; estabeleciam-se numa localidade para morar e conseguir o seu sustento. O emporion era um tipo de coônia comercial, que estabelecia contato com regiões que pudessem fornecer mercadorias indispensáveis para os gregos como, por exemplo, metal. Esta era nitidamente um entreposto comercial.
      Outra saída para a crise foi a importação maciça de trigo: para facilitar essa importação, muitas colônias  foram fundadas no Mar Negro, através das quais tiveram acesso aos ricos campos da Criméia. 

Um comentário: