quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Matéria de PPH - Terezinha Roza (P1 2012.2)




O apanhado da matéria de Terezinha Roza para hoje, nesse frio de lascar que assola Santa Cruz - vamos, povo!


Prática Pedagógica => liga-se à concepção do homem e do conhecimento que fundamenta as relações cotidianas. Necessita-se compreender a função social da escola para que o aluno entenda a realidade como um produto das relações sociais  humanas concernente às suas necessidades.
Construindo a linguagem, o Homem torna possível operar na ausência do objeto, construindo a sua consciência racional.
Mesmo dividindo a tarefa de educar com a família, a comunidade e os meios de comunicação, ela ainda é o foco central da transmissão do conhecimento; tanto o aluno como o professor são os principais agentes deste processo. Por isso que consciência e criatividade precisam ser considerados como foco principal na escola.
A escola deixou de ser a detentora e transmissora do conhecimento e passa a ceder ao aluno um papel dinâmico na busca deste, ensinando o “aprender a aprender”.

Projeto Político Pedagógico (PPP) => Em poucas palavras:
·         É projeto porque reúne propostas de ações concretas a executar durante determinado período de tempo.
·         É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir.
·         É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem.
O PPP é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Há uma preocupação de cunho democrático  em se organizar o trabalho pedagógico superando conflitos, buscando eliminar a competitividade, corporativismo e o autoritarismo, racionalizar a burocracia do seio da escola, romper a sequência impessoal de mando, reduzir a feudalização do trabalho escolar que blinda diferenças e estaciona iniciativas interessantes face à hierarquização de poderes na docência e na direção.
O PPP torna-se eficiente a partir duma relativa autonomia da escola e sua capacidade em delinear sua própria identidade na busca duma nova organização estrutural, na qualidade em todo processo vivenciado. A organização do trabalho pedagógico tem a ver com a organização da sociedade; uma instituição social inserida na sociedade capitalista, refletindo as contradições e determinações desta sociedade.

Planos de curso e de aula:
·         Plano de curso é um instrumento genérico e amplo de previsão das atividades de ensino de uma área de estudo durante um período. Quando organizado com seriedade enriquece profissionalmente, firmando um compromisso do professor com o aluno, a escola e com o currículo, considerando inclusive o conhecimento do alunado. Os elementos constitutivos deste plano são: objetivos gerais e específicos, o conteúdo, os procedimentos (metodológicos e técnicos), recursos didáticos e avaliação.
·         Plano de aula é um detalhamento do plano de curso, um meio operacional do trabalho do educador que sistematiza os elementos contidos no plano de curso, baseados no PPP da escola.  Libâneo(*) (1993, pág 241) indica as seguintes fases: preparação e apresentação dos objetivos; conteúdos e tarefas; desenvolvimento da matéria nova; consolidação (fixação de exercícios, recapitulação, sistematização); aplicação e avaliação. A estruturação de um plano de aula não garante o sucesso da aula, mas quando o esquema formal entende-se como flexível, permite a reflexão sobre a prática e a reformulação destes em relação à realidade complexa que os professores enfrentam e ainda os surpreendem. A maioria dos professores roteiriza o plano para sua melhor orientação e utilizam-no em várias turmas, fazendo modificações na própria aula. Outros tem cuidado na sua elaboração seqüenciando as fases que se integram, de modo a aproveitar todas as possibilidades didáticas para ajudar o aluno no processo de construção e aperfeiçoamento do conhecimento.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Civilização Maia (P1 De História da América)




Parte final da P1 de História da América, aqui e agora. Abraço, moçada!


      O território que compreende a antiga civilização maia estendia-se por 325.000 km², abarcando terras do Istmo de Tehuantepec e Península do Yucatán (México), quase toda a atual Guatemala, ocidente de Honduras e a atual Belize. Há cinco mil anos esse perímetro era povoado, mas a história maia propriamente dita só começa na nossa era.
     No início, não conheciam nem cerâmica nem agricultura; começaram a cultivar o milho somente por volta do ano 1000 da nossa era e, também, fabricação de artigos cerâmicos. Inclusive, vários exemplares de vasos, estatuetas e cabeças cerimoniais apresentam certa analogia com figuras descobertas na zona olmeca (ver astecas). A última etapa deste estágio aborígene teria se iniciado em 350 desta era; as primeiras construções em pedra, terraços e pirâmides em Uaxactún e Yucatán.
    Há controvérsias sobre a origem da civilização maia. Há quem defenda o seu surgimento em algum lugar na costa de Vera Cruz (Golfo do México); outros, em El Petén, Tikal ou Uaxactún. Uma data mais antiga conhecida sobre o assunto encontra-se numa estela em Tikal, datada de 292. Uma outra referência é uma placa de jade proveniente da mesma região, e que traz a data em 390. Esta segunda é que fez se iniciar a história maia.
    Em geral, divide-se em dois períodos, a história maia:
    O Antigo Império Maia, crescido na região do Istmo de Tehuantepec, Guatemala e oeste de Honduras,  dividira-se em três fases: a primeira, de 320 a 633, já se dá conta da existência de várias cidades importantes e uma cerâmica característica (Tzakol). A segunda fase distinguiu-se por um novo tipo de cerâmica chamada Tepeu. A terceira, de 731 a 987, marcou o apogeu dos grandes centros como Palenque, Yaxchilán e Piedras Negras; a escultura atingiu sua expressão máxima e o desenvolvimento cultural só não foi muito longe porque veio a decadência e uma queda vertiginosa que solapou essa civilização e obrigou os maias a emigrar para outras regiões, abrindo novas clareiras na luxuriante mata tropical e cultivar solo ainda virgem. A hipótese mais verossímil sobre o desaparecimento do Antigo Império versa sobre o esgotamento do solo, pois com o crescimento dos centros urbanos, o espaço para a produção agrícola tinha que ser conquistado à mata, de uma forma mais acelerada e sem o cuidado adequado com o solo.
    O Novo Império Maia firmou seu domicílio por excelência na metade norte da Península do Yucatán, começando sua história no século X, uma época de várias migrações cuja conseqüência foi o estabelecimento de um novo sistema cultural e religioso, diferente dos que havia no Antigo Império. Uma das migrações de maior relevância foi a da tribos dos Itzás, que abandonara a costa sudoeste para se instalar no norte do Yucatán, no sítio anteriormente habitado de Chichén. Depois, um chefe mexicano chamado Kukulkán (é o mesmo Quetzalcoatl dos Toltecas), passando por Chichén-Itzá fixou-se numa nova cidade ao centro da península, Mayapán. Na mesma época, Uxmal, próxima à Mayapán, foi fundada por um chefe do clã Xiu, cujo nome parece ser de origem mexicana. Essas três cidades se confederaram na Liga de Mayapán, que governou a região por mais de 200 anos, período este que conheceu  uma extraordinária expansão de todas as artes maias, possivelmente graças à contribuição tolteca, pois os monumentos de Chichén-Itzá se filiam nitidamente ao estilo tolteca. Ignora-se o que provocou a ruptura da Liga, mas era um fato consumado em 1194, quando Chichén-Itzá e Mayapán entraram numa guerra e Mayapán venceu, submetendo toda a população da cidade vencida à escravidão e governando a região por mais de dois séculos, até que Chichén revoltara-se, ocupou Mayapán, aprisionando seu chefe e filho, matando-os. Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia: cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas. Teoriza-se também com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a elite urbana nas terras baixas centrais. Toda a autoridade desapareceu, a desorganização política foi completa até o advento dos espanhóis.
         A zona maia compreendia certo número de cidades-estado, semelhantes à Grécia Clássica. Cada estado era governado por um halac uinic (o verdadeiro homem), um cargo hereditário mas não com poder absoluto, pois era secundado por um conselho formado pelos principais chefes, sacerdotes e conselheiros especiais. O halac dirigia a política interna e externa de seu Estado e percebia os impostos, além de aprovar os batab,  chefe local que garantia o bom andamento de sua aldeia, como representante do halac uinic, mas não percebia os impostos. Este era assistido por dois ou três conselheiros que se encarregavam de um bairro e sem o consentimento dos quais o batab nada podia fazer. Encarregado da jurisdição da aldeia e do comando dos seus soldados, ele não podia fazer nada estrategicamente sem a aprovação de um nacom, chefe militar. Este era muito venerado e primava pela abstinência: de carne (comida) e de carnação (mulher). Os funcionários menores eram os tulipes, policiais que garantiam o cumprimento da lei.
     A sociedade maia era dividida em quatro classes: nobres, sacerdotes, povo e escravos. Os nobres eram os chefes locais, denominados como “aqueles que tinham pai e mãe” e davam muita importância ao nascimento,pelas árvores genealógicas encontradas em registros. Os sacerdotes possuíam, talvez, o maior prestígio dentre as classes; possuíam diversas atribuições, como encarregados de sacrifícios, artes e às ciências (astronomia, cronologia, escritura, advinhação, etc.). Os chilanes ou advinhos eram especialmente estimados pelo povo e tinham quatro auxiliares chamados chaces. O nome genérico para sacerdote era ahkin, e hoje em dia, os maias modernos chamam ahkin ao padre católico. O povo maia era certamente o mais industrioso da América Pré-Colombiana, pois é difícil imaginar o número de horas de trabalho que representa a construção de múltiplos terraços sobre os quais se ergueram as construções de templos, pirâmides e palácios, levando-se em conta os rudimentares instrumentos com que contavam para tanto, ainda mais considerando que desconheciam o ferro. E os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra ou delinqüentes de delito comum, estes últimos privados de liberdade e condenados a trabalhar até o cumprimento de suas penas. Comprava-se um escravo como uma mercadoria.
     A economia maia era essencialmente baseada na agricultura. Mas sem quaisquer cuidados com a terra, métodos bastante primitivos: desbravava-se pelo fogo a parte que se queria semear e, sem nenhum adubo, depositavam as sementes nos buracos cavado por meio de um pau pontudo. Cultivavam o milho, o algodão e uma espécie de agave. O cacaueiro é originário da região maia, especialmente de Tabasco. A agricultura maia choca-se com um problema sério, o da água: a ausência de qualquer curso d’água e uma estiagem de oito meses obrigavam os maias a escolher, para instalar-se, a vizinhança de lagos naturais ou cenotes. Na falta de cenotes, eles recolhiam a água das chuvas nas cisternas. Apenas na época moderna é que eles cavaram poços para abastecimento.
    Quanto às manifestações culturais – fator de prestígio da civilização maia – percebe-se nos achados em sítios arqueológicos que eles elaboraram um sistema de escrita muito complexo, não lembrando nenhum sistema de escrita conhecido e que até hoje puseram em xeque os mais competentes especialistas. Apenas os sinais relativos ao cômputo do tempo puderam ser traduzidos. Sua aritmética permitia cálculos astronômicos de uma exatidão admirável, baseada num sistema vigesimal e empregando para a numeração pontos (valendo 1) e traços (valendo 5) até 19. O número 20, equivalente a uma unidade de segundo grau, era representado por um ponto acima de uma linha reservada às unidades de primeiro grau. A arquitetura é, antes de tudo, religiosa: os edifícios são agrupados para formar um centro consagrado ao culto, enquanto o povo vivia disperso nas cabanas das imediações. Distinguem-se duas espécies de edifícios: os templos e os palácios. Os primeiros, de forma retangular, ficam em cima de uma pirâmide truncada à qual se sobe por escadas laterais. Os segundos (provavelmente residência dos sacerdotes) são construídos sobre plataformas mais baixas. A escultura maia geralmente é decorativa;   representando basicamente divindades, sacerdotes ou chefes, esplêndidos baixo-relevos que decoram estelas e palácios ou templos. Há uma diferença no modelo de escultura dos períodos: a do Antigo Império é realista, com uma qualidade nunca superada em parte alguma do mundo; já no Novo Império, os padrões são abstratos, simbólicos, abusando da estilização dos motivos e quebrando a simetria das formas com variações angulosas.
    A religião dos antigos maias é-nos obscura. Nos mitos dos maias atuais encontram-se personagens que sejam talvez reminiscências das primeiras religiões da época pré-maia (Mamom e Chicanel, consultar apostila do Padrinho Édson) que deificavam fenômenos do mundo físico: gnomos dos campos de milho, deuses da chuva, sereias malignas, etc. O universo consistia em treze céus superpostos (oxlakuntiku), e sobbre nossa terra (o céu inferior) escalonavam-se nove mundos subterrâneos (bolontiku), dos quais o mais profundo pertencia ao deus da morte. Cada um desses mundos possuía seu deus próprio, assim como todos os fenômenos da natureza e também os dias (uinal, katun). Assim como os astecas, o dualismo era uma das características da religião: todos os deuses do panteão maia possuíam caráter benfazejo e maligno. O criador do mundo era Hunab; seu filho Itzana presenteara aos maias com a escrita, os códices e talvez o calendário. Todos os deuses eram objeto de um culto muito complexo ritualisticamente, estritamente observado. As cerimônias eram precedidas de jejuns e abstinências severas. Os sacrifícios representados durante o Antigo Império eram quase sempre pacíficos, com oferendas de objetos preciosos, alimentos ou, no máximo, animais. Apenas no Yucatán (e posteriormente) é que aparecem representações em templos citando sacrifícios humanos. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Detalhes miúdos do que pode ser a prova (Brasil Império)




Por absoluta falta de tempo, pus aqui, umas questões que podem ser cruciais na prova da Danny. Abração, moçada!


A DECISÃO DE DOM JOÃO DE TRANSFERIR A SEDE DO GOVERNO PORTUGUÊS PARA O BRASIL FORA A MAIS ACERTADA?
Revelou-se acertada, pois salvou a Dinastia de Bragança e sua legitimidade no trono português das mãos napoleônicas e mesmo de possíveis interesses palacianos no caso de uma deposição pelos franceses; garantiu o apoio irrestrito da Grã-Bretanha à monarquia portuguesa (a duro soldo, verdade) e manteve-se de posse da mais rendosa colônia lusa de além-mar daquele período.
               
SEGUNDO EVALDO CABRAL DE MELO, POR QUÊ O RIO SE BENEFICIARA COM O ADVENTO DA FAMÍLIA REAL LUSA AO BRASIL E NÃO AS DEMAIS PROVÍNCIAS? (REVOLTA DE 1817)
Para a aristocracia pernambucana do início do século XIX, em particular, o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro trouxe um excesso de cobranças e imposições, que culminaram com os tributos exigidos para o custeamento da campanha militar da Cisplatina (atual Uruguai), num instante em que a seca de 1816 agravava ainda mais  os crônicos problemas de abastecimento das cidades nordestinas , provocando o descontentamento da população miúda. Desta maneira, a revolta de 1817 pode ser compreendida como uma daquelas explosões de violência urbana que marcaram o Antigo Regime, uma sublevação com o fito de chamar a atenção das esferas de poder que atuavam no Rio de Janeiro para os problemas não só de Pernambuco mas de todo o Nordeste, denunciando uma possível política da Corte no Rio de Janeiro de transformar-se em uma nova metrópole em relação às demais províncias, mostrando as tensões que já dividiam o Brasil.


COMO SE DEU O ROMPIMENTO ENTRE BRASIL E PORTUGAL – E SE HOUVE O ROMPIMENTO?
    Um rompimento gradual, houve, sim. O Sete de Setembro não determinou a passagem automática para a condição de país independente, mas com o definitivo desligamento com Portugal (oficialmente em 1826, no reconhecimento luso da independência por dois milhões de libras de nossos cofres, e em 1831, quando Pedro I abdicou do trono brasileiro), a elite agrário-mercantil do sudeste pôde arrumar a nova nação do seu modo, mantendo a economia escravista e influindo nas decisões legislativas da monarquia. Mas houve sangue derramado. Principalmente, por quem ficara de fora dos acontecimentos que transformaram o país a partir da chegada da Corte Bragantina ao Brasil, em 1808.

    Em Pernambuco, a grita por conta dos privilégios ao Rio de Janeiro (sede do governo português) e diversas arbitrariedades em nome “da Corte e das campanhas militares portuguesas, como na Província Cisplatina e na Guiana Francesa” levara Pernambuco à insurreição em 1817. Após o “Grito” de 1822, uma série de batalhas foram travadas em solo brasileiro para desalojar os últimos focos de obediência à Lisboa que ainda residiam aqui: na Cisplatina, Bahia, Piauí, Maranhão e Grão-Pará ainda existiam regimentos portugueses resistindo à mudança. Debelada a resistência portuguesa, em 1824 eclodiu uma revolta – novamente em Pernambuco – por conta da centralização política imposta na Constituição de 1824 e de governantes mais compromissados com os assuntos do centro-sul do que de Pernambuco. Mas, sob todo esse motivo, ainda existia o descontentamento da influência portuguesa na vida política do Brasil, mesmo após à independência.

    Houve o rompimento, sim. Mas foi um rompimento doloroso, e não concessivo e festivo como costumavam explicar em outrora.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sociologia da Educação - matéria da P1 do Mérida





Deu tempo. Agora, excepcionalmente, no blog - vamos que vamos, povo!


I – As bases sociológicas da educação:
Sociologia da Educação:  ramo da Sociologia preocupado com as interações sociais  às ações/reações de determinado grupo, sempre associados aos processos educativos.
Conceito de  Sociologia:
Segundo Auguste Comte: A ciência da sociedade.
Segundo Durkheim (abordagem restritiva): é o estudo das instituições sociais, de sua gênese e funcionamento.
Segundo Park (abrangente): a ciência do comportamento coletivo.
A Sociologia não se esgota no fato social, é preciso ir às próprias raízes da relação social, não apenas entre os homens mas até entre os animais que apresentam alguma manifestação de vida coletiva; conhecendo a origem qualquer de uma interação, entenderemos seus desdobramentos sucessivos.
O caráter dinâmico das relações sociais não pode escapar à sensibilidade dos estudiosos dos problemas sociais; nosso desempenho como educadores pode contribuir para retardá-las ou acelerá-las. E os professores (principalmente os primários) tem sido apontados como um dos grupos profissionais de mais acentuadas tendências conservadoras. As nossas escolas preocupam-se mais em ensinar aos jovens as disciplinas concernentes à técnica didática do que às voltadas para a fundamentação teórica da educação. Professores extremamente gabaritados na aplicação de métodos de aprendizagem mas incapazes de formular uma apreciação crítica razoável sobre o sistema educacional, no contexto global da sociedade.
Os futuros professores acabam aprendendo como ensinar, mas não aprendem por quê e para que ensinar.




II - Conceito de Educação:
Segundo Durkheim: “A ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas ainda não amadurecidas para a vida social”, ou seja: “Educação é a socialização da criança”.
Significado/importância da Educação: em última análise, é o que garante as condições de coesão, renovação e sobrevivência da sociedade.
Nas culturas complexas, é a educação que compete a tarefa superior de criar meios capazes de evitar que essa mesma complexidade destrua e elimine essa sociedade. As instituições educacionais que estabelecem e regulamentam mecanismos de transferência cultural, de formas de conhecimento socialmente úteis e domínio das técnicas de ação social para dominar essa complexidade contemporâneo-social.
Com isso, cada vez menos existem espaços para o autodidatismo, a improvisação, o “aprender a fazer, fazendo”. A passagem pelos bancos escolares assume um caráter cada vez mais compulsivo para todos que buscam seu “lugar ao sol”.
Conceito de Sociologia Educacional:

A Sociologia estuda a vida dos homens em sociedade; a Educação é o processo social pelo qual a Sociedade transmite sua herança, garantindo a continuidade da espécie humana. A sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais do ensino e da aprendizagem, cabendo-lhe desvendar os véus que cobrem a realidade para ver até que ponto as necessidades sociais básicas estão (ou não) sendo atendidas com eficácia, apontando soluções viáveis para a superação de obstáculos que travam o funcionamento das instituições sociais.



III –  Cultura e Personalidade:





Segundo Ottaway:  “Personalidade é o tipo de pessoa que a gente é”, permitindo distinguir-nos uns dos outros ao mesmo tempo em que nos identificamos conosco mesmo. Através das formas de expressão de nossa personalidade é que somos reconhecidos pelos que nos cercam; por ela, expressamos nosso temperamento, tendências, atitudes em face do grupo, um somatório de aspectos somáticos, psíquicos e constitucionais que nos caracterizam.
No sentido antropológico, a personalidade entende-se como uma configuração que resulta da combinação ativa e renovada do meio físico e social em que vivemos, mais os fatores individuais, hereditários  ou congênitos que somos formadores.








IV  -  Educação dentro e fora da escola:
A educação ocorre em todos os ambientes  em que a criança se encontra, desde que haja adultos ou pessoas mais velhas, cujos padrões comportamentais a criança é levada a assimilar.
A educação é múltipla e una. A educação consiste na socialização metódica das novas gerações. O processo de socialização tende a ser coercitivo, impositivo e doutrinário (horário de refeições, educação sanitária, etc.) . A educação como socialização é constituído de dois seres: um ser individual (estados mentais que se relacionam conosco mesmo), e um ser social (sistema de idéias, hábitos e sentimentos que exprimem em nós o grupo ou os grupos que fazemos parte).
Não nascemos seres sociais e nem ele se desenvolve em nós, espontaneamente; É a educação, como socialização, que o leva a tais condutas sociais.
Na verdade, é o próprio indivíduo que se educa; porém, não nos esqueçamos que o grupo social dominante que cria o clima, proporciona os meios e determina os objetivos e a orientação deste processo.
Tanto fora quanto dentro da escola a educação pode ser intencional e não intencional.
Intencional: quando as condições  educativas (objetos, recursos, atividades) são previamente estabelecidas e arranjadas pelo grupo social; não intencional: quando o indivíduo (participante do grupo ou mero espectador) vai assimilando e incorporando maneiras de agir, pensar e sentir do grupo.








V -  Pequeno resumo histórico da educação:





A escola nem sempre existiu. Em sua evolução, podemos identificar várias fases: a época em que não havia escola, que todo adulto era professor; a escola da nobreza, na época medieval, em que predominavam os estudos literários; a escola da burguesia, na época moderna, quando começou a dar importância aos estudos científicos; a época posterior à Revolução Industrial, em que havia uma escola para os ricos, chegando aos estudos superiores, e uma para os trabalhadores, limitada ao primário; e a época do ensino público, gratuito e obrigatório até determinada idade (no Brasil é de 14 anos).

Pensamento de Jaime Pinsky, O Estado de São Paulo: “ Para ensinar cidadania, o professor tem de ser tratado como cidadão, e isso só ocorrerá quando uma irresistível e forte vontade política empolgar a nação” (01 jul 1993).

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os Astecas e os Incas - 1ª da P1 de História da América



O basicão necessário para a prova do Edson Nascimento. Arriba, pueblo!


OS   ASTECAS  
I   -   Origens   -   Os Astecas, ou mexicanos (derivado de mexica ou azteca) dominavam a maior parte do México atual quando os conquistadores espanhóis ali chegaram em 1519. Segundo sua história tradicional, eles Vivian em Aztlán, país situado a noroeste do México ou ao sul dos atuais Estados Unidos; sua língua , o nahuatl, faz parte de uma família lingüística cujos dialetos se distribuem de norte a sul, do Utah até à Nicarágua. Chegaram ao México Central no século XIII e por longo tempo foram considerados semibárbaros, pobres, intrusos e sem terras. Antes de seu apogeu, toda a região hoje chamada de México vivera etapas de predomínio político-cultural de vários povos: a partir do IV Milênio a.C, o milho começou a ser  cultivado na região de Tehuacán; às margens dos lagos (Zacatengo, Ticomán e outros), os camponeses nativos levaram quase três milênios uma vida semelhante às das vilas neolíticas do Velho Mundo, atestando a existência de estruturas sociais bastante diferenciadas e, pouco antes da Era Cristã, os nativos de Cuicuilco era suficientemente numerosos e organizados para construírem a primeira pirâmide do planalto central.
       Na região atlântica do Istmo de Tehuantepec, os Olmecas constituíram a primeira das grandes civilizações mexicanas. Desde o II Milênio a.C, construíra imponentes centros cerimoniais, pirâmides e altares, estelas esculpidas, baixo-relevos, jadeístas cinzelados e, sobretudo, uma escrita hieroglífica, mais a contagem do tempo. Com os olmecas, surgem esses traços essenciais a todas as altas civilizações do México, sendo considerados o elo de transição entre o período pré-clássico (o de aldeia) e o clássico (civilização urbana). Desapareceram por volta de 400 a.C.
      O I Milênio desta era foi o período das civilizações “clássicas”. Quatro núcleos culturais principais brilham incomparávelmente: os Maias, ao sul; Monte Albán e Mitla no território dos zapotecas de Oaxaca; El Tajín, no atual estado de Veracruz (Golfo do México) e Teotihuacán, no planalto central – esta última, prodigiosa e elegante civilização, de templos suntuosos, máscaras em pedra dura (obsidiana) e deuses singulares, como Quetzalcoatl, símbolo da fertilidade agrária e dotado de extrema benevolência, não permitindo sacrifícios humanos.
     Em decorrência de fenômenos econômicos e sociais ainda obscuros, as cidades clássicas deste período foram pouco a pouco abandonadas entre os séculos IX e XI. Foi então que entra, pela primeira vez na história do México, os povos de língua nahuatl, que a partir daí vieram desempenhar um papel predominante. Oriundos do norte, os Toltecas fundaram sua cidade, Tula, sobre o local da aldeia otomi (um dos muitos povos secundários da região ainda do período Teotihuacán e sob sua influência social e religiosa), em 856, segundo a cronologia local. Bárbaros e pouco numerosos, aceitaram inicialmente a hegemonia da classe sacerdotal originária de Teotihuacán e fiéis à tradição teocrática da era clássica. Mas com a chegada de sucessivas vagas migratórias provenientes do norte, esse equilíbrio e aceitação se romperia. Trazendo novas idéias  e novos ritos, como os sacrifícios humanos e uma organização social militarista, conseguem vencer e banir os locais e seu deus Quetzalcoatl em 999. A civilização tolteca propriamente dita desenvolve-se a partir do século XI, e seus deuses celestes e sanguinários  superam as velhas divindades da água e da chuva, núcleo religioso das quatro civilizações do início do I Milênio. Reis guerreiros dividem com os sacerdotes os despojos e as vítimas para os altares de sangue, águias e jaguares representam os novos ícones culturais e religiosos, a civilização tolteca irradiara-se do planalto central para o oeste, para o leste e para o sudeste, até às selvas do Istmo, na fronteira com o mundo Maia, oferecendo um esplêndido fôlego à esgotada civilização do Primeiro Império Maia.O essencial de sua arte, religião e concepção dinástica sobrevivera até à conquista espanhola.  Em 1168, sucumbindo a dissensões internas e à invasão de novos imigrantes, a cidade de Tula caíra, saqueada e abandonada. Mas importantes contingentes toltecas continuaram, porém, estabelecidos em outras cidades, conservando a cultura apesar da queda da cidade.
      A derrubada tolteca provocara um profundo abalo em todo o mundo autóctone da época, a ponto de estimulas tribos bárbaras a marchar para o sul, sobre os escombros dos derrotados. Entre eles, os astecas, ainda bárbaros, nômades...mas guerreiros.
     II   -   Hegemonia asteca   -   Enquanto os astecas lentamente se aproximavam do México Central, um processo cultural surpreendente acontecia nessa região. As tribos bárbaras recém-chegadas, adotaram muito rapidamente a vida sedentária, a língua, a agricultura, os ritos e a forma de governo dos toltecas tardios. No século XIV, 28 estados compartilhavam o planalto central. Alianças, , guerras e golpes transformavam a cada dia o equilíbrio político. Época de violências e intrigas, mas também de rico desenvolvimento cultural. Sendo os últimos a chegar, os astecas passaram por inúmeras atribulações. A ponto de se refugiarem nas ilhas duma zona pantanosa a oeste do grande lago, fundando a cidade de Tenochtitlán.
     Os astecas levavam uma vida anfíbia, com pirogas e redes, subsistindo graças à pesca e à caça de animais aquáticos. Acumulando lodos sobre jangadas de bambu, criavam jardins flutuantes (chinampas). Mas o sonho dinástico não fora esquecido, o sonho que os levou a transitar por quase todo o México, à procura de sua identidade, e de solo próprio para sobreviverem. Gradualmente, foram se aliando a estados poderosos e que os humilhavam com frequência (dois monarcas astecas foram assassinados por líderes federados mais fortes), mas no governo de Itzcoatl (4º soberano), aliado a Nezaualcoyotl – herdeiro do trono de Texcoco, cidade pós-tolteca – rechaçou assaltos inimigos, levou a guerra a esses e o estado asteca ascendera à posição privilegiada num triunvirato de força entre Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán. E após a morte desses dois soberanos, os astecas conquistaram a liderança deste triunvirato, expandindo-se muito mais do que os toltecas em sua época áurea, estabelecendo-se como a maior força imperial da história mexicana pré-européia.
    III   -   Sociedade e  governo astecas   -   ao se fixar no vale do México, a sociedade asteca era uma sociedade homogênea e igualitária, soldados e cultivadores, caçadores e pescadores que só reconheciam a autoridade sacerdotal, a deles próprios guerreiros e intérpretes de oráculos. Com a influência cultural e política dos vizinhos e também da própria conquista destes últimos, houve uma profunda mudança.  
     No ápice da sociedade asteca, estavam os dignitários e sacerdotes. Os primeiros distinguiam-se por possuir a investidura de altas funções militares e civis. Não se tratava de uma nobreza hereditária, beneficiavam-se da distribuição  de tributos  e recebia, segundo seu escalão, pedras preciosas, plumas e vestimentas valiosas. Em troca das vantagens que desfrutavam, os dignitários devotavam todo o seu tempo e energia ao serviço público. Os segundos apesar do privilégio de não pagar impostos e ter representação no Grande Conselho e no colégio eleitoral que designava o imperador, eram essencialmente religiosos, pois mesmo impregnado de religião, o estado asteca não era uma teocracia: as funções em momento algum, se misturavam. A aristocracia asteca possuía um conceito muito elevado de estado, sabia-se claramente a noção de bem público e o sentido dos deveres do soberano. Os negociantes, sem ostentar qualquer fausto exterior, detinham as riquezas possuídas sobre as quais se formava uma influência crescente na sociedade e em algumas células do governo. Atuavam em quase todas as cidades do império, possuíam uma divindade particular, seus próprios tribunais e seus próprios chefes, condição de independência e relativo poder desde que conseguiram rechaçar um ataque de tribos hostis no Istmo após quatro anos de combates contra saques de suas caravanas. O imperador da época, então, reconhecendo-lhes a fibra e organização, nomeou-os de “seus tios” e lhes concedera o privilégio de andar com jóias e ouro, uma vez que a aristocracia e a classe dirigente destacava-se pela austeridade e marcialidade. Os artesãos agrupavam-se em bairros próprios, também com seus deuses e ritos, em corporações distritais e tinham o título de “toltecas”, pois atribuíam a invenção dessas técnicas à antiga civilização Tula e seu herói simbólico, Quetzalcoatl. O povo, tribal a princípio caçador-coletor-pescador, transformara-se em uma sociedade hierarquizada, regida por estruturas complexas de acordo com o nível de vida das diversas categorias populacionais e respectivas posições no interior desta sociedade. Haviam os cidadãos comuns, pagadores de impostos, prestadores de serviço militar e tinham sempre uma corvéia pública (não senhorial) a seguir, na manutenção dos monumentos, canais, caminhos, diques, etc. Seus filhos e filhas dispunham de ensino gratuito; recebiam peças de vestimentas, alimentos tanto em distribuições regulares do governo como quando o imperador vinham em auxílio nos períodos de inundações, escassez ou outras calamidades.



OS  INCAS
I   -   Como  os  Incas  assumiram   a   liderança  na  Confederação  Cusquenha
Quando os Incas chegaram à região encontraram os três povos referidos lá radicados. Estavam muito perto um do outro e partilhavam, entre outras coisas, o mesmo idioma: o quechua (como nos referimos anteriormente, o quechua tornou-se posteriormente o idioma oficial do Tawantinsuyu, mas não era o idioma originário dos Incas. Eles o aprenderam com os povos aos quais se aliaram, e apesar de depois terem-no aceitado como idioma oficial conservaram até o final do século XVI o seu idioma originário (que segundo alguns lingüistas espanhóis assemelhava-se muito a um dialeto falado na Amazônia; talvez os Incas sejam provenientes da Amazônia)).
Os Incas, para poderem se radicar na região, tiveram que aliar-se a esses três povos, formando a chamada Confederação Cuzquenha. Manko Kapaq construiu o Intipcancha (que já mencionamos) e fez dele ao mesmo tempo palácio e templo. O povoado Inca se aglomerava ao seu redor. Por serem os mais novos membros da Confederação Cuzquenha, os Incas ocupavam uma posição inferior em relação aos demais três povos. A Confederação dividia-se em duas metades: Hanan e Hurin.
Hanan era a metade de cima, rica, forte e poderosa. Faziam parte delas os povos Sawasiray, Allkawisa e Mara. Já Hurin era a metade de baixo, pobre, fraca e subalterna. Esta metade era composta pelo povo Inca. Ao que parece, Hanan desempenhava as funções político-religiosas de Cuzco (a Confederação Cuzquenha com efeito se tornou a cidade de Cuzco), enquanto que Hurin era responsável pela defesa da Confederação. Sendo assim, os primeiros Inkas utilizaram o título de Sinchi (general), sendo chamados de Inka apenas pela metade de Hurin. Ou seja, Manko Kapaq, apesar de ser o fundador dos Incas, não passou de um Sinchi da Confederação Cuzquenha. 
Sinchi Roka <1320>:   
Antes de descrever este Inka, é interessante que se faça um observação no que diz respeito às datas colocadas após os nomes dos soberanos. Estas datas só serão precisas de Wayna Kapaq em diante. Nos Inkas anteriores, as datas servem muito para situar o leitor no tempo apenas como noção, não sendo portanto exatas.
Sinchi Roka era filho de Manko Kapaq, e como seu próprio nome nos diz também foi um Sinchi, não tendo assim muito poder dentro da Confederação Cuzquenha. Seu governo foi relativamente longo, mas não realmente importante no que diz respeito à história Inca. 
Lloki Yupanki <1335>:
Já havia duas Panakas Inkas, quando Lloki Yupanki recebeu a Maskapaicha.
A exemplo de seus predecessores, que não se sabe se foram seus parentes, também foi um Sinchi de Cuzco. Não fez nada além do que seus dois anteriores fizeram. Como eles, Lloki Yupanki seguiu as ordens de Hanan e garantiu o direito do povo Inka a prestar culto a Intip no Intipcancha. 
Mayta Kapaq <1355>:
Não foi um Sinchi muito relevante, assim como nenhum outro antes dele. Ocupou seu posto por cerca de vinte anos. Nesse tempo, apenas deu continuidade ao trabalho dos Sinchis anteriores. Mayta Kapak, assim como os sinchi antriores a ele, fez campanhas militares para saquear os povoados vizinhos em busca do butim oriundo do saque, e também rechaçou ataques que Cuzco sofreu em tempos muito hostis. 
Kapaq Yupanki <1375>:
Kapaq Yupanki teve um governo dos mais efêmeros. Não realizou nada em especial, mas também não ficou devendo nada em relação a seus precedentes.
Ele foi o último Inka de Hurin a ser submisso a Hanan. O poder militar adquirido por Hurin, graças a seus cinco Sinchis, colocava a metade outrora fraca e pobre em condições de contestar o domínio dos sacerdotes de Hanan sobre a Confederação Cuzquenha. 
Inka Roka <1385>:
É  um dos mais importantes Inkas da história Inca. Ele inicialmente foi escolhido como Sinchi de Hurin, porém a força que esta metade adquirira durante as chefias dos Inkas anteriores colocou o Sinchi numa posição muito confortável. 
Por volta de 1395, Inka Roka reuniu seus soldados e liderou uma expedição que atacou e dominou as três tribos formadoras de Hanan. Depois, o Inka levou a estátua de Manko Kapaq para a parte de cima da cidade, obrigando os antigos dominadores a prestarem culto a Intip e reverenciarem Manko Kapaq. 
O Sinchi acumulou as funções que pertenciam aos chefes das outras três tribos e unificou-as sob seu domínio. Podemos considerar que, a partir daí, a Confederação Cuzquenha acabou para dar lugar a cidade de Cuzco. Aos poucos, os povos de Sawasiray, Allkawisa e Mara foram se fundindo aos Incas de maneira que passaram a constituir uma única etnia. 
Inka Roka foi o primeiro Inka a merecer esse título em sua íntegra. Depois de unificar Cuzco sob seu domínio, partiu em campanha para aumentar a extensão territorial de seu poder. Ele chegou a tomar várias aldeias e pequenas cidades próximas a Cuzco, como Muina e Pinawa. 
Yawarr Waqaq <1415>:
Sem dúvidas, Yawarr Waqaq foi o mais inexpressivo de todos os soberanos Incas. Além de ter tido o mais efêmero de todos os governos, seu único feito relevante foi a perda de todos os territórios que Inka Roka havia anexado. As atitudes erradas do Inka desencadearam uma crise sem precedentes na cidade, fazendo com que, pouco antes de seu governo completar dois anos, ele fosse assassinado por conspiradores. 
Wiraqocha Inka <1418>:
Este pode ser considerado o ponto de partida do Tawantinsuyu. Quando Wiraqocha Inka assumiu o poder em Cuzco teve de combater um verdadeira rebelião na cidade. As etnias internas estavam lutando entre si, e havia a freqüente ameaça de uma invasão externa. Justamente por causa da situação periclitante em que se encontravam seus domínios, ele adotou o nome de um Deus, Wiraqocha (já fizemos menção a este Deus anteriormente), o Deus do Mar.
A adoção do nome fez com que muitos, inclusive os conspiradores que mataram Yawarr Waqaq, acreditassem que se tratava do próprio Deus encarnado. Por isso, as coisas para este Inka tornaram-se mais simples. Ele apaziguou as revoltas internas, deteve as tentativas de invasão e iniciou a expansão de Cuzco anexando diversas regiões próximas, num raio de 40km. Chegou até a dominar o famoso lago Titicaca.
Ao que tudo indica, o período de anarquia que se instaurava após a morte de um Inka teve seu princípio na ascensão de Wiraqocha Inka, pois devido ao tumulto causado pelo assassinato de Yawarr Waqaq a anarquia se instaurou e o novo Inka, para poder chegar ao poder, teve que derrotar os conspiradores. Temeroso de que com sua morte ocorresse um novo período de anarquia, Wiraqocha começou a preparar seu filho mais velho, Urqu, para ser seu sucessor.
Por volta de 1437, chegou a Cuzco a notícia de que uma grande horda de guerreiros estava se aproximando dos domínios do Inka. Eram os Chanka (povo ao qual nos referimos no item sobre o Império Chimu), guerreiros natos que estavam em busca de novas terras para seu reino. Em campanha militar há pelo menos cinco anos, vinham conquistando os povos ao sul do Império Inca com muita facilidade, devido a sua crueldade e obstinação na luta. Wiraqocha, já velho (alguns chegam a dizer que Wiraqocha assumiu o poder em 1400 e não em 1418; portanto, todos os fatos teriam 18 anos, em média, de atraso, se esta corrente estiver correta), decidiu que o melhor a fazer era retirar-se com o maior número de pessoas possível para a fortaleza de Calca. Lá ele pretendia, ainda vivo, entregar a Maskapaicha para Urqu.
Sendo assim, antes que os Chanka chegassem Wiraqocha resolveu partir. Pretendia levar toda a sua família e as Panakas dos Inkas mortos, além do máximo de pessoas que pudesse. Entretanto, seu filho Cusi Yupanki resolveu não abandonar Cuzco. Pediu tropas ao pai e disse que conteria a invasão Chanka a qualquer custo. Cusi Yupanki de fato conseguiu conter a invasão e, como recompensa, Wiraqocha permitiu que ele reinasse ao seu lado, tornando o Império uma diarquia. No entanto, Cusi Yupanki não ficou satisfeito com a situação, baniu Wiraqocha e tomou para si a Maskapaicha que seria dada ao irmão Urqu. 

                                                  
                                                  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL E POLÍTICAS DAÍ RESULTANTES



Última parte da matéria de História do Rio de Janeiro (P1). Vamos à luta, povo da História!


    Napoleão Bonaparte assenhoreava-se da Europa, determinando um Bloqueio no continente para prejudicar sua inimiga fidagal, a Inglaterra, e impunha sua ordem às monarquias do Velho Mundo. Reposicionando as peças no tabuleiro político do Ocidente, tomava trono dos insubmissos e negociava com quem achava mais apropriado. Este foi o caso da Casa de Bragança, em Portugal: a proposta de salvação pela submissão fora estudada pelo então Príncipe-Regente Dom João, com a Inglaterra do outro lado, garantindo-lhe a soberania. Se bem que, a custoso soldo...
   O desfecho deste imbróglio, já é de domínio público, além das cátedras: quinze mil pessoas (?) metidas em dezenas de navios, escoltados por uma chantageadora Grã-Bretanha, Dona Maria divagando no coche real e as dificuldades da realeza na travessia atlântica.
   Em 22 de janeiro de 1808, uma sexta-feira, a esquadra bragantina chegara a Salvador. A belíssima visão da baía de Todos os Santos, a brisa fresca vinda do mar e a vegetação que se confundia com o solo avermelhado típico da região eram atrativos encantadores para a fidalguia portuguesa recém-chegada, porém recepcionada de maneira não condizente ao seu status: o conde da Ponte, João Saldanha da Gama (governador da capitania), não esperava que a comitiva real por lá passasse. “À constatação da precariedade urbana e do esforço que os comuns faziam para agradar e receber a Corte, os chegados depararam-se com uma praça africanizada na América, tantos eram os negros  escravos que compunham a população, em verdade, maioria dela.
   Cerimônias litúrgicas, rapapés, visitas aos notáveis da terra: nada disso impedira Dom João de sacramentar o primeiro edito régio no Novo Império Lusitano: a carta de Abertura dos Portos às Nações Amigas. A bem da verdade, à verdadeira nação “amiga” – a Inglaterra. A partir de então, os gêneros denominados molhados (vinho, azeite, aguardente) pagariam 24% ad valorem. Segundo a carta, poderiam ser levados pelos estrangeiros, com exceção do pau-brasil e outros  monopólios, os “gêneros e produções coloniais”. Com exceção de França e Espanha, os navios de todo o mundo poderiam transportar as mercadorias saídas da colônia ou para ela remetidas. Ganhava-se, assim, a liberdade de comércio e cumpria-se o tratado inicial com a Inglaterra, que previa tal tipo de acerto (tratado relembrado duramente por Lord Strangsford, plenipotenciário inglês em Lisboa, durante o período de pressão bélica francesa). No pique da Revolução Industrial que viviam, os ingleses produziam prodigiosamente; e tudo trouxeram os ingleses, tudo que a colônia jamais produzira por não possuir indústrias e os locais sequer sabiam em que se utilizavam algumas dessas mercadorias, como porta-notas, por exemplo, ou patins para gelos... Tais manobras comerciais também atrasaram consideravelmente o nascimento da indústria no Brasil, pois durante muito tempo, por conta das baixas tarifas, sempre se podia obter do estrangeiro sem a necessidade de produzi-los por aqui. Abarrotara-se o mercado muito além da capacidade de absorção do mercado brasileiro, detentor de numerosa população escrava, pelas elites (a recém-chegada e a da terra) que mal e mal davam conta de seu parco  cotidiano.
   A 8 de março de 1808, a Corte desembarcara no Rio de Janeiro, até então uma quase-aldeia para os padrões europeus. Tinha não mais que 46 ruas, quatro freguesias, dezenove campos ou largos, entre eles o do Paço, calçado, com um chafariz desenhado por Carlos Mardel e substituído por Valentim da Fonseca e Silva. Edificações pobres, vielas estreitas e esburacadas, algo de vistoso e bem cuidado ainda se notava, como o prédio da Ordem Terceira do Carmo. E enquanto o Vice-Rei, o conde dos Arcos, corria em preparar a residência real no Paço, providências foram tomadas para acolher a multidão de cortesãos, funcionários, militares, negociantes e demais acólitos de além-mar; fora decretada a lei das aposentadorias, que determinava aos proprietários dos melhores prédios nas proximidades do palácio que os deixassem  livres para abrigar os recém-chegados. Como a medida instava que se desocupasse imediatamente, autoridades do governo escreviam na fachada dos prédios escolhidos as iniciais P. R. (Príncipe Regente). O povo, na ironia que lhe cabe, traduzira a abreviatura para “ponha-se na rua”, ou ainda “prédio roubado”. E muitos proprietários se defendiam com as armas que possuíam: simulavam ou mesmo realizavam obras perfeitamente dispensáveis, obras eternas, nas quais andaimes passavam a constituir parte integrante das fachadas, telhados com reparos sempre a fazer, decorações inacabadas ou paredes que nunca se levantavam. Tais pirraças se davam, grosso modo, com as personagens do segundo escalão da comitiva real, a quem denominavam “toma-larguras”.
     A seguir, era a hora de montar o aparelho de estado que passaria a colônia a sede do reino. Instituições metropolitanas foram acondicionadas na estrutura do ex-vice-reinado: o Desembargo do Paço (instância jurídica maior, porém um cabide de favores mesmo em Lisboa) , a Mesa da Consciência e Ordens (de cunho religioso), a Casa da Suplicação (grande tribunal do reino). Para garantir o cumprimento das leis e a ordem da população na capital real, a criação da Intendência-Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, em 5 de abril de 1808 seria observada por todas as autoridades criminais e civis espalhadas pelas cidades e vilas das capitanias. Cuidando das finanças, o Erário e o Conselho de Fazenda administrariam as já existentes Junta da Fazenda, Alfândega, Intendência da Marinha e Armazéns Reais. Ainda em 1808, criara-se o Banco do Brasil para agilizar e atender os interesses do comércio.
    Como o que acontecia não tinha antecedente – a colônia virando metrópole e a metrópole virando colônia - , uma enxurrada de documentos e publicações foram acumulando para concretizar essa inversão. Era preciso publicá-los, mas não havia imprensa no Brasil, proibida que era por editos reais anteriores, face a condição de colônia. Sendo outra a história do momento, a 13 de maio de 1808 criara-se a Impressão Régia, que com o passar dos anos modificara-se na razão de ser: em 1815, quando  a colônia obteve o status de Reino Unido a Portugal e Algarves, passara a Régia Oficina Tipográfica; em 1818, Dom João era aclamado rei e a oficina mudara para Tipografia Real. O aparato servira para a “propaganda do estado”. As obras que o governo mandava publicar chegava à oficina trazendo ao pé da página de rosto a indicação: “Por ordem de S.A.R. (Sua Alteza Real). De seus prelos saíra o primeiro periódico brasileiro, a Gazeta do Rio de Janeiro.