quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Notícias de uma Guerra Particular - Rio de Janeiro -1993 à 1998
Notícias de uma Guerra Particular traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas.
• Eleito um dos melhores filmes brasileiros contemporâneos pela Revista de Cinema e vencedor da competição nacional de documentário do festival É Tudo Verdade, "Notícias de uma Guerra Particular" é um amplo e contundente retrato da violência no Rio de Janeiro. Flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfego de drogas alternam-se e entrevistas com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais -- incluindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança pública. A realidade da violência é apresentada sem meios-tons e da forma mais abrangente possível, tornando patente o absurdo de uma guerra sem fim e sem vencedores possíveis.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Trabalho de Ciência Política - 6º período - História
Apontamentos para o trabalho sobre Max Weber - Ciência Política. Falta pouco, moçada!
Maximilian Karl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junhode 1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e
economista, Alfred Weber. É considerado
um dos fundadores do estudo moderno da sociologia, mas sua influência também
pode ser sentida na economia, na filosofia, no direito, na ciência política e
na administração.
Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi
reservado para o chamado processo de racionalização e desencantamento que
provém da sociedade moderna e capitalista. Mas seus estudos também deram contribuição
importante para a economia. Sua obra mais famosa é o ensaio A ética protestante e o espírito do
capitalismo,
com o qual começou suas reflexões sobre a sociologia da religião. Weber
argumentou que a religião era uma das razões não-exclusivas do porque as
culturas do Ocidente e do Oriente se desenvolveram de formas diversas, e
salientou a importância de algumas características específicas do
protestantismo ascético, que levou ao nascimento do capitalismo, a burocracia e
do estado racional e legal nos países ocidentais. Em outro trabalho importante, A política como vocação, Weber definiu o Estado como "uma entidade
que reivindica o monopólio do uso legítimo da força física", uma definição
que se tornou central no estudo da moderna ciência política no Ocidente. Em
suas contribuições mais conhecidas são muitas vezes referidas como a “Tese de
Weber".
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A ética
protestante e o 'espírito' do capitalismo é considerada a grande obra de Max Weber e é o seu texto mais lido
e conhecido. A primeira parte desta obra foi publicada em 1904 e a segunda veio
a público em 1905, depois da viagem do autor e de sua esposa aos Estados
Unidos. No capítulo introdutório, Weber mostra a
preferência educacional dos católicos por uma formação humanista, enquanto os
protestantes preferiam formação técnica. Ao mesmo tempo, mostrou as diferenças
profissionais entre ambos os segmentos. Weber rejeita a explicação (superficial
e aparente) de que a espiritualidade católica, fundada no ascetismo,
predisporia o indivíduo para o estranhamento do mundo e, desta forma, para a
indiferença para com os bens deste mundo; enquanto os protestantes seriam
materialistas. Alega que os puritanos se caracterizavam pelo oposto da alegria
para com o mundo. Ao contrário, ele sugere que há um íntimo parentesco entre
estranhamento do mundo, ascese e participação na vida aquisitiva.
O capítulo posterior
trata do objeto da pesquisa, ou seja, é neste momento que ele desenvolve o tipo
ideal de "espírito do
capitalismo", entendido como
uma individualidade histórica. Tomando como exemplo máximas colhidas de
escritos de Benjamin Franklin, tais como "tempo é dinheiro" ou
"dinheiro gera mais dinheiro" ou ainda "o bom pagador é dono da
bolsa alheia", Weber mostra que o espírito do capitalismo não é
caracterizado pela busca desenfreada do prazer e pela busca do dinheiro por si
mesmo. O espírito do capitalismo deve ser entendido como uma ética de vida, uma
orientação na qual o indivíduo vê a dedicação ao trabalho e a busca metódica da
riqueza como um dever moral. Weber acentua claramente que o 'espírito' do
capitalismo não deve ser confundido com a 'forma' do capitalismo. Por forma,
Weber entende o capitalismo enquanto sistema econômico, cujo centro é
representado pela empresa capitalista, reunião de meios de produção, trabalho
organizado e gestão racional. Ele esclarece que as variáveis tratadas no seu
livro tem a ver com a moral protestante e a dimensão atitudinal (habitus) que
serve de base ao sistema. O espírito do capitalismo só pôde triunfar ao vencer
as formas tradicionalistas de comportamento econômico.
Após, Weber destaca que o ponto de partida da ética econômica
subjacente ao capitalismo está no protestantismo pós-luterano, nas chamadas
igrejas e seitas do protestantismo ascético, tanto na sua versão calvinista
(derivada de João Calvino) quanto
anabatista. Do calvinismo emana a célebre tese da predestinação, dogma que afirma
que apenas Deus escolhe - independente dos méritos do indivíduo - quem será
salvo e quem será condenado. Diante da angústia religiosa sofrida pelo
indivíduo, o trabalho e o sucesso na vida econômica surgem como compromissos do
crente e como indícios (embora não meio) de certeza da salvação. Apesar desta
rígida tese estar atenuada no pietismo e no metodismo, que são mais
sentimentais, nas igrejas de origem calvinista a riqueza recebe uma sanção
positiva da esfera religiosa. O mesmo processo pode ser verificado no âmbito
das seitas que surgem do movimento anabatista (rebatizados) - como os batistas, menonitas e quakers, por exemplo -
que, organizados em forma de seita, estimulam uma
vida ordenada, disciplina e regida por rígidas normas éticas.
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Em 1913, Weber publicou um escrito intitulado "Sobre
algumas categorias da sociologia compreensiva", primeiro esboço de seu
método sociológico. Ele continuou a trabalhar sua visão de sociologia durante
os próximos anos em escrito encomendado para uma ampla coleção de textos
econômicos e que, por esta razão, recebeu o nome de "Economia
e Sociedade".
No
primeiro capítulo desta obra, aparece como conceito fundante da teoria
sociológica de Weber a categoria ação,
considerado por ele o objeto da sociologia. A ação é um comportamento humano ao
qual os indivíduos vinculam um significado subjetivo e a ação é social quando
está relacionada com outro indivíduo. A análise da teoria weberiana como
ciência tem como ponto de partida a distinção entre quatro tipos de ação
social:
·
A ação racional com
relação a um objetivo é determinada por expectativas no comportamento tanto
de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas
como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e
perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o
engenheiro que constrói uma ponte.
·
A ação racional com relação a um valor é
aquela definida pela crença consciente no valor - interpretável como ético, estético,religioso ou
qualquer outra forma - absoluto de uma determinada conduta. O ator age
racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior,
mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença consciente no valor, por
exemplo, um capitão que afunda com o seu navio.
·
A ação afetiva é
aquela ditada pelo estado de consciência ou humor do sujeito, é
definida por uma reação emocional do
ator em determinadas circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a um
sistema de valor, por exemplo, a mãe quando bate em seu filho por se comportar
mal.
·
A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos, costumes,
crenças transformadas numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o
ator não precisa conceber um objeto, ou um valor nem ser impelido por uma
emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática.
Sociologia
Política => Max Weber desenvolveu um importante trabalho de sociologia política através da sua teoria
dos tipos de dominação8 . Dominação é a possibilidade
de um determinado grupo se submeter a um determinado mandato. Isso pode
acontecer por motivos diversos, como costumes e tradição. Weber define três
tipos de dominação que se distinguem pelo caráter da dominação (pessoal ou
impessoal) e, principalmente, pela diferença nos fundamentos da legitimidade.
São elas: legal, tradicional e
carismática.
·
Dominação legal: a obediência está fundamentada
na vigência e aceitação da validade intrínseca das normas e seu quadro
administrativo é mais bem representado pela burocracia. A ideia principal da
dominação legal é que deve existir um estatuto que pode ou criar ou modificar
normas, desde que esse processo seja legal e de forma previamente estabelecido.
Nessa forma de dominação, o dominado obedece à regra, e não à pessoa em si,
independente do pessoal, ele obedece ao dominante que possui tal autoridade
devido a uma regra que lhe deu legitimidade para ocupar este posto, ou seja,
ele só pode exercer a dominação dentro dos limites pré-estabelecidos. Assim o
poder é totalmente impessoal, onde se obedece à regra estatuída e não à
administração pessoal. Como exemplo do uso da dominação legal podemos citar o
Estado Moderno, o município, uma empresa capitalista privada e qualquer outra
organização em que haja uma hierarquia organizada e regulamentada. A forma mais
pura de dominação legal é a burocracia9 .
·
Dominação tradicional: Se dá
pela crença na santidade de quem dá a ordem e de suas ordenações, sua ordem
mais pura se dá pela autoridade patriarcal onde o senhor ordena e os súditos
obedecem e na forma administrativa isso se dá pela forma dos servidores. O
ordenamento é fixado pela tradição e sua violação seria um afronto à
legitimidade da autoridade. Os servidores são totalmente dependentes do senhor
e ganham seus cargos seja por privilégios ou concessões feitas pelo senhor, não
há um estatuto e o senhor pode agir com livre arbítrio.
·
Dominação carismática: nesta
forma de dominação os dominados obedecem a um senhor em virtude do seu carisma ou
seja, das qualidades execpcionais que lhe conferem especial poder de mando. A
palavra carisma é de inspiração religiosa e, no contexto cristão, lembra os
dons conferidos pelo Espírito Santo aos cristãos. A palavra foi reinterpretada
em sentido sociológico como dons e carismas do próprio indivíduo e, foi nesta
forma que Weber a adotou. Weber considerou o carisma uma força revolucionária
na história, pois ele tinha o poder de romper as formas normais de exercício do
poder. Por outro lado, a confiança dos dominados no carisma do líder é volúvel
e esta forma de dominação tende para a via tradicional ou legal.
A
tipologia weberiana das formas de poder político diferente claramente da
tradição clássica, orientada pela discussão da teoria das formas de
governo, oriunda do mundo antigo (Platão e Aristóteles). Filiado à
tradição realista de pensamento, Weber também rejeita os pressupostos
normativos e éticos da teoria do poder e procura descrevê-lo em suas formas
efetivas de exercício. Ao demonstrar que o exercício do poder envolve a
necessidade de legitimação da ordem política e, ao mesmo tempo, sua
institucionalização por meio de um quadro administrativo, Weber apresentou os
fundamentos básicos da sociologia política da era contemporânea.
Além de
uma rigorosa e sistemática sociologia política - alicerçada em seus tipos de
dominação - Max Weber foi um dos mais argutos analistas da política alemã, que
analisou durante o Segundo Império Alemão e durante os anos iniciais da República de Weimar. Crítico da política de Bismarck,
líder que, ao monopolizar o poder, deixou a nação sem qualquer nível de
sofisticação política, Weber sempre apontou a necessidade de reconstrução da
liderança política. No escrito O Estado Nacional e a Política Econômica,
de 1895, já mostrava como as diferentes classes sociais não se mostravam aptas
a dirigir a nação, seja pela sua decadência social (caso dos Junkers), seja
pela sua imaturidade política (caso da burguesia e do proletariado)
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Após
a década de 1910, os estudos de Weber na área da sociologia religiosa foram
ampliados e ele passou a aprofundar seu conhecimento das religiões de caráter
universal. Ao contrário de Durkheim, que partiu das religiões primitivas (totemismo), Weber
dedica-se à análise do confucionismo e do taoísmo, do hinduísmo e do budismo,
do islamismo e da religião judaica, ou seja, dos grandes sistemas religiosos da
humanidade. Conforme ele esclarece no Prólogo (Vorbemerkung) escrito
para introduzir, em termos globais, seus "Ensaios Reunidos de
Sociologia da Religião", seu objetivo primordial consiste em entender
os fenômenos centrais do racionalismo ocidental, como a ciência, a técnica, a
universidade, a contabilidade, o direito, a gestão racional das empresas, a
música, o Estado Burocrático e, em especial, o capitalismo moderno. Conforme
explicou sua esposa Marinne Weber, a descoberta da especificidade do
racionalismo moderno foi a grande inovação sociológica de Weber e ele procurou
desvendar suas origens e características, destacando o papel da religião neste
processo.
Introdução O estudo de Weber
dedicado às religiões universais possui um escrito preliminar de caráter
metodológico, no qual ele explica que, diferente do que fez na pesquisa sobre o
protestantismo (em que contemplou apenas um lado da relação causal entre ideias
e interesses), nestes estudos ele mostraria a vinculação existente entre
fatores materiais e fatores ideais nos processos sociais. Por isso, ao analisar
os grandes sistemas religiosos e suas diferentes teodicéias, ele levaria em conta também os
interesses e o papel de suas principais camadas portadoras, sejam elas
populares (camadas urbanas, rurais, etc.), sejam elites políticas
(burocracias), religiosas (sacerdotes) ou mesmo guerreiros.
A
religião da China => O
primeiro grande sistema analisado por Weber é a milenar civilização chinesa.
Ele revisa os pressupostos econômicos e político do mundo chinês, o papel do
imperador e das províncias e, em especial, a função dos mandarins (burocratas), o que introduz um
caráter ritualista e tradicional no confucionismo,
voltado para a culto dos antepassados familiares e do imperador: o universo é
entendido como uma ordem eterna - Tao - que não pode ser contestada e ao
qual o indivíduo se adapta. Na China desenvolveu-se uma tendência mística
chamada taoísmo,
cujo fundador é Lao-Tsé,
mas que foi tragada pela poderosa força da magia, razão pela qual a religião
chinesa ficou imersa em um jardim mágico. Desta forma, ele não desenvolveu um
potencial de racionalização prática das condutas.
Consideraçâo
Intermediária => Após
analisar a religião chinesa, Weber passa ao exame das religiões de salvação,
nas quais existe uma relação de tensão com o mundo: daí a necessidade de um
texto intermediário que explique as diferenças entre o misticicismo
(predominante do mundo oriental) e o ascetismo (predominante no mundo
ocidental. Neste texto ele também examina as tensões entre a ordem religiosa
(regida por normas) e as ordens sociais do mundo moderno que são regidas por
uma racionalidade formal e que, portanto, possuem sua legalidade própria. As
esferas analisadas por Weber são a economia, a política, a arte, o erotismo e a
ciência.
A
religião da Índia => O
sistema de castas vigente na Índia demonstra que também
se trata de uma religião - chamada de hinduísmo - com fortes elementos tradicionais.
As castas criam uma ordem hierárquica, no topo da qual estão os sacerdotes brahmanes, seguidos pelos
guerreiros, depois os comerciantes e agricultores e, por fim, os demais
trabalhadores. O intercâmbio entre os grupos sociais não é permitido e a única
forma de evoluir na escala social é a roda das encarnações. O caráter sagrado
das castas indianas foi rompido pela pregação de Buda. O Budismo conservou a ideia de reencarnação,
mas ela se torna completamente individual e voltada para a dissolução do eu.
Tal crença difundiu-se por todo Oriente e constitui a grande matriz dos
sistemas religiosos orientais, que possuem um componenente acentuadamente
místico.
O
Judaísmo Antigo =>
O
grande processo de desencantamento religioso do mundo, ou seja, a
eliminação da magia como meio de salvação, tem aqui o seu ponto de partida. O
judaísmo é uma religião pária, ou seja, há um
vínculo exclusivo entre o povo eleito e seu Deus Javé, isolando a religião
judaica do contexto social mais amplo. A elaboração de uma lei sacerdotal,
sistematizada pelos levitase a pregação dos profetas, exigindo o
cumprimento das normas, abriu caminho para uma religião de caráter prático e
ético, expurgando o papel das crenças mágicas no sistema religioso. O judaísmo
foi a fonte do racionalismo prático da dominação do mundo que permeia o mundo
ocidental e suas diferentes instituições sociais.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Fascismo Português: Salazar e o Estado Novo (1933 - 1974)
O trabalho oficial de História do Mundo Contemporâneo; componentes do grupo, solicito que dêem uma observada antes da apresentação, a partir das 20:00 horas de hoje. Vamos lá, galera!
Estado Novo é o nome do regime
político autoritário e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde 1933, com a aprovação de
uma nova Constituição, até 1974.
A designação oficial de "Estado
Novo", criada, sobretudo, por razões ideológicas e propagandísticas, quis
assinalar a entrada num novo período político, aberto pela Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926, marcada por uma
concepção antiparlamentar e antiliberal do Estado. Neste
sentido, o Estado Novo encerrou o período do liberalismo em Portugal, abrangendo nele não só a Primeira República, como também o Constitucionalismo Monárquico.
Como regime político, o Estado
Novo foi também chamado salazarismo,
em referência a António de Oliveira Salazar, o seu
fundador e líder. Salazar assumiu o cargo de Ministro das Finanças em 1928, tornou-se, nessa
pasta, figura preponderante no governo da Ditadura
Militar já em 1930 (o que lhe valeu o epíteto de
"Ditador das Finanças") e ascendeu a Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro)
em Julho de 1932, posto que manteve
até ao seu afastamento por doença em 1968. A designação
salazarismo reflete a circunstância de o Estado Novo se ter centrado na figura
do "Chefe" Salazar e ter sido muito marcado pelo seu estilo pessoal
de governo. O Estado Novo, todavia, abrange igualmente o período em que o
sucessor de Salazar, Marcello
Caetano, chefiou o governo (1968-1974). Caetano assumiu-se como
"continuador" de Salazar ,
mas vários autores preferem autonomizar este período do Estado Novo e falar de Marcelismo. Marcello Caetano ainda pretendeu rebatizar
publicitariamente o regime ao designá-lo por Estado
Social, "mobilizando uma retórica política adequada aos parâmetros
desenvolvimentistas e simulando o resultado de um pacto social que, nos seus
termos liberais, nunca existiu", mas a designação não se enraizou . Tudo
chegou ao fim com a Revolução dos
Cravos, em 25 de abril de 1974.
Ao Estado Novo têm sido atribuídas as
influências do maurrasianismo1 , do Integralismo Lusitano , da doutrina social da Igreja, bem como de
alguns aspectos da doutrina e prática do Fascismo italiano, regime do qual adotou
o modelo do Partido Único e, até certo ponto, do Corporativismo de Estado.
A Ditadura
Nacional (1926-1933) e
o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o
mais longo regime autoritário na Europa Ocidental durante o séc. XX,
estendendo-se por 48 anos.
O Estado Novo (1933-1974) foi um regime autoritário, conservador, nacionalista,corporativista de Estado de inspiração fascista, parcialmente católica e tradicionalista, de cariz antiliberal, antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista, que vigorou em Portugal sob a Segunda República.
O regime criou a sua própria estrutura de Estado e um aparelho repressivo (PIDE, colónias penais
para presos políticos, etc.) característico dos chamados Estados policiais,
apoiando-se na censura, na propaganda, nas organizações paramilitares (Legião Portuguesa), nas organizações
juvenis (Mocidade Portuguesa), no culto do
líder e na Igreja Católica.
O Estado Novo apresenta aspectos semelhantes aos regimes autoritários
instituídos por Benito Mussolini na
Itália,
Francisco
Franco na Espanha, Engelbert Dollfuss na Áustria,Miklós Horthy na Hungria, Metaxas
na Grécia, Juan Perón na Argentina e Getúlio
Vargas noBrasil.
É, todavia, assunto de debate entre os
estudiosos se o Estado Novo constitui verdadeiramente, ou não, um regime fascista, visto apresentar
algumas diferenças em relação ao regime italiano, que serve naturalmente de
"padrão" do fascismo, e ainda maiores relativamente ao nazismo. Salazar (que
manteve durante algum tempo a fotografia emoldurada de Mussolini em cima da sua secretária de trabalho,
mas que acabaria por afirmar que o ditador italiano era demasiado vaidoso e
defensor de uma intervenção excessiva do Estado na vida da nação), nunca
reivindicou para o seu regime o qualificativo de fascista, recusando igualmente
o seu carácter totalitário, reflexo de quem pretendia ser associado à recusa da
"estatolatria" e do totalitarismo pela Igreja
Católica e pelo Papa Pio XI.
Independentemente do modo como o regime de
Salazar se via a si próprio, a questão gira em torno de saber em que características,
essenciais ou secundárias, o Estado Novo diferiu do padrão fascista: existência
ou não de movimento de massas, papel do partido único,
estrutura, lugar e papel dos sindicatos e corporações no Estado, características
e estilo de governo do chefe carismático, grau de autonomia do poder judicial,
liberdades públicas, nível de repressão das oposições políticas, independência
da Igreja Católica. Nos pontos citados, com efeito, há diferenças e semelhanças
entre o Estado Novo e o fascismo: há diferenças flagrantes no papel atribuído
ao "movimento de massas" e no estilo de governo do chefe; há
semelhanças muito vincadas no papel do partido único e no lugar dos sindicatos
e das corporações na estrutura do Estado, assim como no cercear das liberdades
públicas e no nível de repressão das oposições políticas.
O regime
político-constitucional que vigorou durante o Estado Novo é considerado
antiparlamentar e antipartidário, uma vez que o único partido político aceite pela força política, que na altura era
responsável pela apresentação de candidaturas aos órgãos eletivos de poder, foi
a União Nacional, sendo que os restantes foram ilegalizados, o
mesmo aconteceu mais tarde com as associações políticas. Eram permitidos em
alguns atos eleitorais a apresentação de listas não afetas à União Nacional,
mas a sua existência era apenas consentida momentaneamente e era impossível a
eleição de qualquer candidato destas listas, pois a fraude eleitoral ou a
repressão provocada pela poderosa polícia política (PIDE) provocava o
esvaziamento de candidatos afetos a estas ou porque se encontravam presos ou
porque desistiam por falta de condições.
O regime apoia-se
na propaganda política
(fundando o Secretariado de Propaganda Nacional, a SPN) para difundir "os bons costumes", a
doutrina e a ideologia defendida pelo Estado Novo; apoia-se nas
organizações juvenis (Mocidade Portuguesa) para ensinar aos
jovens a ideologia defendida pelo regime e ensiná-los a obedecer e a respeitar
o líder; e em Um projeto nacionalista e colonial que pretende manter à
sombra da bandeira portuguesa vastos territórios dispersos por vários continentes,
"do Minho a Timor", mas rejeitando a ideia da conquista de novos
territórios (ao contrário do expansionismo do Eixo) e que é mesmo vítima da
política de conquista alheia (caso da Índia Portuguesa) e no qual radica
a manutenção de uma longa guerra colonial começada
em 1961, uma das causas do desgaste e queda do regime, para proteger os seus
territórios ultramarinos.
Todo o cerne do
fascismo português, algo distinto dos modelos fascistas em voga no mundo,
sintetiza-se na elaboração sistemática de mitos ideológicos² adaptados à realidade lusitana:
A – o mito
palingenético, ou o mito do recomeço: uma “renascença portuguesa” operada
pelo Estado Novo, interrompendo a decadência nacional precipitada por mais de
cem anos de liberalismo monárquico e do seu paroxismo republicanista.
B – o mito do novo nacionalismo: Não seria, o
Estado Novo, mais um regime na história política portuguesa, mas aquele que
retoma o verdadeiro e genuíno curso da história pátria, com o slogan “Tudo pela pátria, nada contra a
Nação”.
C – o mito imperial,
que, à exemplo do mito anterior, evocava a dupla vocação histórico-providencial
de colonizar e evangelizar, continuando a gesta heróica dos nautas, dos santos
e cavaleiros , o destino místico da raça concretizada num reencontrado ideal de
império luso.
D – o mito da
ruralidade: como um país essencialmente agrário e rural, o governo buscava
nessa natureza lusa as verdadeiras qualidades da raça, onde se temperava o ser
nacional. Salazar justificava a extrema limitação da qualidade de vida dos
cidadãos com cuidadosos discursos, vindos de sua fala mansa, quase clerical: “Sei
que pagamos assim, uma taxa de segurança, um preço político e econômico, mas
sei que a segurança e a modéstia tem
também suas compensações”. A terra, portanto, como a primeira e principal fonte
da riqueza possível, o caminho da ordem e da harmonia social, o tal berço das
virtudes pátrias. Inevitavelmente, o modus
operandi deste mito conduz-nos à apreciação de um outro, uma autêntica ‘vocação
de pobreza bastante adequada às modelações do partido estabelecido no poder, o mito da pobreza honrada, ou a ausência
de ambições doentias e disruptoras da promoção social, a conformidade de cada
um com o seu destino³.
E – o mito da ordem
corporativa, a idéia de uma
hierarquização social espontânea e harmoniosamente estabelecida como dado
intemporal, no quadro de uma sociedade organizada e regida por uma máxima: “um
lugar para cada um, cada um no seu lugar”4. Uma vocação de ordem, hierarquia e de autoridade natural,
concernentes a uma estrutura tipicamente fascista, se bem que de gradientes
inéditos no tempo e espaço estudados.
F – o mito da essência
católica da identidade nacional: entendia-se aqui o catolicismo como a
constitutiva do ser português, embora o pano de fundo da religião obedecia às
necessidades do Estado, sob um disfarce de laicismo descristianizava-se a
população e hierarquizava-a dentro do aparelho regular do mesmo Estado. Expurgado
dos vícios do liberalismo, do racionalismo e do marxismo, esse ser reintegrado
e destituído de “ambições doentias e antinaturais” estaria “pronto a cumprir
seus deveres na família e no trabalho, a pátria e o império” 5.
BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL:
ROSAS, Fernando. O Salazarismo e o Homem Novo: Ensaio Sobre o
Estado Novo e a Questão do Totalitarismo. Análise Social, vol. XXXV, 2001.
1
Charles Maurras (20 de Abril de 1868 - 16 de
Novembro de 1952) foi um poeta monarquista francês, jornalista,
dirigente e principal fundador do jornal nacionalista, anti-semita e germanófobo Action Française e
teórico do nacionalismo
integral. Foi uma das figuras principais do movimento anti-Dreyfusard.Salazar estudou as suas ideias, que confessou
terem tido relevante influência na sua formação política.
2
ROSAS, Fernando.O Salazarismo e o Homem Novo: Ensaio Sobre o Estado
Novo e a Questão do Totalitarismo.Análise Social. Os Mitos Ideológicos
Fundadores do Estado Novo, 2001, p 1032 a 1036.
3
Idem, p. 1035.
4
Idem, p. 1036
5
Idem, p. 1037
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Museu de Arte MAR - 12 mai 2013
Dia das Mães no MAR, aproveitando para uma "carona" aos amigos historiadores, sobre o passado carioca em imagens interessantes.
domingo, 5 de maio de 2013
História da América, séculos XIX e XX : Resumo para a P1
Resumo para acompanhar com as apostilas do Edson Padrinho. Outra batalha, guerreiros da História!
I - A FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL ESTADUNIDENSE: CRIAÇÃO DA UNIDADE / EXPANSÃO TERRITORIAL
Comecemos esse resumo com as definições de Montserrat Guiberneau; a primeira, no tocante ao tipo de nacionalismo, temos dois modelos: modelo um, o incutido pelos governantes como um meio de homogeneizar sua população; modelo dois, o das nações sem Estado, incorporados a Estados nacionais maiores. A autora apresenta-nos também uma diferenciação entre Estado, Nação e Nacionalismo. Estado, usando a definição de Max Weber, ela explica, textualmente: " É uma comunidade humana que exige (com sucesso) o uso legítimo da força física dentro de um dado território". Por Nação, a autora compreende como "um grupo humano consciente de formar uma comunidade e de partilhar uma cultura comum, ligado a um território claramente demarcado, tendo um passado e projeto comuns, e a exigência do direito de se governar". E Nacionalismo: "sentimento de pertencer a uma comunidade cujo os membros se identificam com um conjunto de símbolos, crenças e estilos de vida, e têm a vontade de decidir sobre seu destino político comum".
A diferença entre Nação e Estado Nacional, baseado na autora: "O Estado Nacional procura criar uma nação e desenvolver um senso de comunidade dela proveniente; o Estado Nacional tem como objetivo a criação de uma cultura, símbolos e valores comuns".
Vale aqui lembrar do conceito de nação citado por Eric Hobsbawn: " corpo de cidadãos cuja soberania coletiva os constituía como um Estado concebido como sua expressão política". Comparando a definição de nacionalismo de Guiberneau, Hobsbawn definiria como "tradição inventada".
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Os Estados Unidos da América, no alvorecer da independência: grande parte da população provinha da Inglaterra, mas também do norte da Irlanda, da Renânia, da Holanda e da França. O Norte, progressista, era ligado ao comércio; o Sul, escravocrata, ligado a Plantation.
Ao cabo de um século e meio, a formação do Estado nacional norteamericano foi, primeiramente, uma aliança apenas política entre os seus Estados federados, mas que, posteriormente, foi alvo de um esforço conjunto de seus governantes e intelectuais para incutir na população o sentimento de nacionalismo através da criação de um passado comum , os heróis da independência, de uma cultura reconhecida como americana. Essas metas foram alcançadas principalmente pela atuação de instituições como a Escola, o Exército, a Igreja e a Família. Após esse esforço inicial para a criação de um nacionalismo americano, foi através da idéia de povo escolhido ou, como eles mesmo denominavam, 'destino manifesto', que então partiram para a agressão política de expansão e de domínio territorial do continente, anexando, comprando ou imprimindo guerras para alcançar os seus objetivos.
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II - AMÉRICA LATINA: UMA HISTÓRIA DE SANGUE E FOGO
Liberdade. Igualdade. Soberania popular. A América para os americanos. Essas idéias, livremente agrupadas sob a bandeira do liberalismo, possibilitaram a independência latino-americana. Elas haviam inspirado sonhos patriotas e justificado revoltas, explicando por que os americanos deveriam governar a si próprios. Por toda a América Latina, liberais ofereceram-se para pôr suas idéias em prática, com resultados desastrosos. Muitos governos liberais foram derrubados à força em poucos anos, presidentes e constituições sucedendo-se a uma velocidade estonteante. A América espanhola, nesse período (início do século XIX) adquirira uma reputação de instabilidade política, um amargo fracasso dos sonhos patriotas. Os hábitos de velhas hierarquias conservadoras esmagaram as esperanças de uma verdadeira democracia.
A liderança crioula dos exércitos patriotas brandira a bandeira do liberalismo, mas sofrera com as estruturas profundamente hierarquizadas das sociedades locais. Liberais ou conservadores, pouquíssimos americanos da elite aceitavam na prática a idéia de igualdade racial, ainda que um compromisso público formal com essa igualdade tenha sido estabelecido com as massas em seu apoio aos movimentos pela independência. Teoricamente, os liberais almejavam o "governo do povo", mas, na América Latina, os líderes liberais, tipicamente brancos e de classe superior, nutriam sentimentos ambíguos em relação ao "povo". Eurocêntricos e por demais ideológicos, os liberais não forneciam uma aplicação mais prática ao conceito de liberalismo nas nações, tornando-se esse conceito uma 'planta exótica' naquelas latitudes. Disso, aproveitavam-se os conservadores, direta e incisivamente proclamavam que o povo comum devia "conhecer o seu lugar", deixando o governo para "seus superiores".
Gradualmente, toda a América Latina dividira-se em linhas liberais e conservadoras: os primeiros, seguindo modelos progressivos norte-americanos, ingleses ou franceses; os conservadores, adotando diretrizes coloniais ou espanholas. Política partidária - com eleições, jornais e discursos - era novidade também na América Latina. Muitas questões exigiam debates, e essas regiões, por herança colonial, quase não tiveram experiências de fóruns públicos desta natureza, enfrentando nestes novos tempos, enormes dificuldades institucionais e também financeiras: afinal, pouquíssimos bancos haviam na região.
As guerras de independência devastaram as economias, sobretudo nas ricas regiões de prata mexicanas e peruanas. Agiotas locais cobravam taxas astronômicas de juros e, após alguns fracassos iniciais, os banqueiros londrinos se desinteressaram pela região. O controle do comércio importador/exportador passara diretamente, das mãos espanholas para as mãos dos comerciantes europeus e norte-americanos, pois os criollos tinham pouca experiência em atividades comerciais, preferindo investir em terra. A infra-estrutura, já precária, por conta da natureza (em países como o México, quase não haviam rios navegáveis, montanhas íngremes e florestas densas), a falta de capital para construir vias de escoamento das produções dificultou ainda mais o processo de desenvolvimento. À exceção do Brasil, as instituições governamentais tiveram que começar do zero. Por toda a parte, o palco estava armado contra os liberais, que pregavam um discurso ameaçador para sociedades militarizadas, onde muita gente possuía novas armas e velhos rancores. Eles dirigiam países destroçados pela guerra, com poderosos interesses (muitos mesquinhos) estabelecidos, e criando conflitos violentos. Os conservadores conclamavam os generais para impor a ordem, gritavam "anarquia!", tudo pela proteção da propriedade, criando um precedente trágico, cada vez que um presidente constitucional era derrubado por militares, solapando a legitimidade das regras estabelecidas do jogo político.
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III - ESTADOS UNIDOS: A CONQUISTA DA ÚLTIMA FRONTEIRA
Entre as décadas de 1860 e 1880, cerca de metade da área atual dos EUA já estava ocupada e era explorada por norte-americanos. Entre os estados imediatamente a oeste do Mississipi e os povoados da costa do Pacífico estendia-se uma imensa e virgem região de pradarias, planícies e montanhas, denominada de "O Grande Deserto". A ocupação dessa 'última fronteira' se deu por várias razões: a liberdade religiosa (no caso dos mórmons) ou o desejo de obter terras e ouro. Entre 1859 e 1876, houve 'corridas do ouro' para regiões que hoje são os estados de Nevada, Colorado, Idaho, Montana, Arizona, Dakota do Sul. Da noite para o dia, surgiam centenas de cidadelas temporárias, habitadas pela fauna comum de urbes destinadas ao garimpo fácil e rápido, além das profissões respeitáveis observadas lá no longínquo Leste. Cidadelas temporárias, explica-se: esgotados os veios de superfície, muitas dessas cidades ineiras eram, literalmente, abandonadas, transformando-se em cidades-fantasma.
A ocupação do Grande Deserto levou ao inevitável choque com populações indígenas; culturas que, no geral, viviam da caça aos búfalos e dependiam de amplo espaço para esse fim. O massacre de comunidades indígenas obrigou aos agredidos a revidar, violentamente, em confrontos sangrentos - um dos mais famosos, a Batalha de Sand Creek, de 1864. Os Sioux foram o povo indígena que mais resistira ao invasor. Durante os anos da Guerra Civil e da década de 1870, os embates com os Sioux e outras tribos continuavam, mesmo que esporadicamente. Em 1876, iniciando a "corrida do ouro de Dakota", os garimpeiros ocuparam um trecho de terra destinado aos indígenas, as Black Hills, provocando as primeiras escaramuças. Em 1890, com um levante indígena em Wounded Knee, Dakota do Sul, o massacre da população indígena encerrara o conflito. No sudoeste, somente com a captura do chefe apache Jerônimo, em 1885, é que os conflitos na área terminaram.
De certa forma, o modo de vida dos indígenas fora destruído pela dizimação dos búfalos; desde o governo de James Monroe (1817-1825), a política oficial fora de transferir os ameríndios para além da 'fronteira branca', sempre de maneira inábil e, por vezes, cruel. Mas, mesmo assim, até os defensores das causas e sistemas indígenas acreditavam que se tratava de culturas inferiores, e que os nativos "deveriam ser trazidos para os benefícios da civilização branca, assimilando-os na cultura dominante". Destruídas as autoridades tribais e submetidas ao Estado (na maior parte das vezes, ausente), as comunidades ameríndias tiveram enormes dificuldades na entrada do século XX.
O fim da "cultura das pradarias" começou ainda mais cedo, com a implantação de gado nas terras dos búfalos. Com a as desastrosas nevascas de 1885-86 e 1886-87, a indústria pecuária chegou com o congelamento de milhares de cabeças de gado vacum e/ou sua morte por fome no período. A contratação de funcionários fixos para as fazendas, o cerco das pastagens, isso acabou matando a era clássica do vaqueiro norte-americano, o cowboy, que oferecia seus serviços por curtas jornadas e errava por cidades, nômade por substância. E a estocada final fora dada pelas ferrovias: maiores vendedoras de terras para os colonos, assentando populações nas áreas que serviam os trilhos e seus derivativos.
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IV - O IMPERIALISMO
Cuba e as Filipinas (esta, no Oceano Pacífico, do outro lado do mundo) foram os laboratórios por onde a experiência expansionista americana fizera o seu 'debùt'. A ilha caribenha era extremamente dependente dos EUA na exportação de seu açúcar, e vivia em prosperidade graças às tarifas suaves para o escoamento de sua produção; mas a revogação dessas tarifas benéficas e a implantação de outra (Wilson-Gorman) mais pesada acabou desestabilizando o comércio e a política insular, a ponto de os espanhóis (ainda senhores daquele chão) reagirem violentamente. Como se não bastassem os protestos de diversos segmentos da sociedade para uma efetiva intervenção norte-americana na ilha, dois episódios providenciais empurraram a América para Cuba: a 'carta Lome', um documento da embaixada espanhola bastante delicado em suas opiniões sobre a presidência americana que vazou para o público; e a explosão do USS Maine, navio norte-americano atracado na baía de Havana, matando 260 marinheiros ianques. Guerra conseguida, vitória rápida, total hegemonia sobre a ilha. E o mesmo ocorrera nas Filipinas: aproveitando a instabilidade política da outra possessão hispânica, o presidente Roosevelt, alegando a situação de Cuba, deixou a esquadra americana de sobreaviso em Hong Kong para atacar os espanhóis em Manila. E foi o que ocorrera. Porto Rico também acabou passando para a sua tutela, virando um estado associado.
Entre 1900 e 1920, os EUA intervieram nos assuntos de pelo menos seis países no hemisfério sul. No Haiti, na República Dominicana, na Nicarágua, na Colômbia - onde houve, inclusive, uma clara agressão ao princípio de soberania local, ao atropelar os interesses nativos que contrariavam aos americanos e franceses na construção (e administração) do canal do Panamá. Até mesmo no México, durante as incursões de Pancho Villa. Aproximaram-se da Grã-Bretanha, com quem andavam historicamente às turras no século anterior para garantir sua independência e evitar o intervencionismo no continente. E construíram a base militar de Guantánamo, em Cuba, que, mesmo com todo o desenrolar dos eventos de Sierra Maestra, a queda de Batista, o apogeu de Fidel Castro e as peripécias do Che Guevara, ainda está lá, mostrando a força da política imperialista norte-americana, desde o seu alvorecer como país independente.
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