A CONQUISTA
DA AMÉRICA PELOS
ESPANHÓIS APÓS COLOMBO
Na mesma época em que a Espanha acabava de
consolidar a expulsão dos muçulmanos, Colombo descobria a América para os Reis Católicos
e os espanhóis iniciavam a conquista das novas terras, misturando os motivos de
missão religiosa com os da sede de riquezas e poder.
Em sentido
restrito, dá-se o nome de conquista da América espanhola à que foi realizada
pelos espanhóis nos territórios das civilizações do Novo Mundo. Ao contrário de
outros processos colonizadores, como o do Caribe, o do rio da Prata ou o do
Brasil pelos portugueses, essas campanhas de conquista foram levadas a efeito
contra estados ou confederações de tribos que contavam com exércitos
permanentes e elevado grau de organização. Foram, portanto, verdadeiras
operações militares, executadas por soldados profissionais diante de forças em
geral muito mais numerosas. Apesar disso, a vantagem dos espanhóis era
incomparável, propícia a estimular-lhes a prepotência e a crueldade, pois seus
adversários não conheciam as armas de fogo e chegaram a vê-los como deuses.
Os interesses
econômicos e políticos da monarquia espanhola foram as forças mais
determinantes das viagens e expedições de conquista dos territórios descobertos
por Colombo. Acostumados durante séculos à guerra contra os árabes, os
espanhóis trataram o Novo Mundo como a nova fronteira de seu poderio e da fé
cristã. Cogitando de utilizar os indígenas como mão-de-obra submissa, deram
prioridade à dominação das regiões culturalmente adiantadas, como o México e o
Peru, em vez daquelas em que o estado selvagem dos nativos pudesse dificultar a
exploração econômica. Os conquistadores eram, ora da pequena nobreza castelhana,
ora aventureiros, provindos principalmente da Andaluzia, Extremadura e Castela.
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ADMINISTRAÇÃO DO APARELHO COLONIAL NA AMÉRICA ESPANHOLA
Na colonização espanhola da América, a
estruturação político-administrativa era basicamente a mesma do reino. A Casa
de Contratación, em Sevilha, era a responsável pela gestão dos negócios
coloniais, nomeando os funcionários para as colônias, funcionários estes que
comumente lesavam a coroa por meio de corrupção sempre protegida pela
impunidade. Constituía-se, também, na mais alta corte espanhola o Supremo
Tribunal de Justiça, estância máxima de apelação para questões relacionadas ao
processo de colonização.
O transporte e a distribuição adotados
pelos espanhóis era composto por dois sistemas que se interligavam e se
completavam. O sistema de Porto Único, instituído em 1503, determinando que a
frota sairia e chegaria na Espanha somente através do porto de Sevilha (mais
tarde este monopólio é quebrado ao incluir também o porto de Cádiz).
A idéia era centralizar a entrada e
saída de mercadorias para facilitar a fiscalização e impedir o contrabando,
coisas muito difíceis de se fazer até os dias de hoje. O outro sistema
utilizado era o de Frota Anual, surgido em 1540, estabelecia que as viagens de
transporte marítimo deveriam acontecer em comboios de galeões que eram
escoltados pela “invencível armada” espanhola. O intuito era impedir a ação de
piratas protegidos pelos interesses ingleses. Estas frotas atravessariam o
Atlântico no mínimo duas vezes ao ano.
A frota da prata ou frota das Índias (em espanhol: flota de Indias), popularmente
denominada frota espanhola da
prata foi um transporte marítimo anual de diversos metais(ouro e prata), pedras preciosas, especiarias (seda), bens agrícolas (tabaco) e outros produtos exóticos das colônias espanholas à Espanha.
O transporte ocorreria por meio de duas frotas, que se reuniam perto de Havana, e que juntos procediam em prosseguir à Europa.
O comboio foi organizado a partir de 1526 em Sevilha, onde um consulado de
comércio, aCasa de Contratacíon, possuia o privilégio do comércio com
a América.
Em 1543, foi obrigatório que todas a frotas da prata fossem
fortemente armadas. Normalmente, o novo tipo de galeão era usado. O valor da
prata transportada era enorme; cerca de 12 milhões de ducados por ano e 25 milhões
de ducados por ano no final doséculo XVI. O rendimento
constituía a maior parte dos lucros coloniais dos espanhóis e a prata foi o motor
do comércio com a Ásia. Essa riqueza atraiu
todo os tipos de corsários epiratas, mas eles raramente conseguiam interceptar a frota.
Uma das raras vezes que a frota foi
interceptada, ocorreu em 8 de setembro de 1628, quando o almirante neerlandês Piet Hein conquistou uma frota
da prata.
Em 1762, durante a guerra dos Sete Anos, os britânicos
ocuparam Havana e Manila, impedindo que a frota partisse.
A última frota da prata partiu em 1776.[1] Na década de 1780, a Espanha concedeu
liberdade de comércio às suas colônias
Comércio Manila-Acapulco
O chamado Galeão
de Manila
transportava porcelanas, seda, especiarias e muitos outros produtos do oriente.
Em troca, no retorno seguia carregado com prata do Novo Mundo.[1]
Os produtos orientais viajavam, cruzando o
oceano Pacífico das Filipinas para Acapulco, no Vice-Reino
da Nova Espanha,
uma travessia de 4 meses. Eram então transportados por terra até à costa oeste,
e de Acapulco ou Veracruz eram reembarcados, seguindo a "rota da
prata" com destino a Sevilha e Cádiz, em Espanha.
O comércio de Manila tornou-se tão lucrativo
que os mercadores de Sevilha pediram ao rei para limitar as travessias a apenas
dois barcos anuais. Com esta limitação foi determinante construir galeões de
grande capacidade, sendo esta já a maior classe de navios até então construida.
Nos 250 anos da rota Manila-Acapulco, de 1565
a 1815, partiram de Manila um total de 110 galeões. No século XVI tinham em
média de 1,700 a 2,000 toneladas, feitos de madeiras filipinas, podendo
transportar mil passageiros. O Concepción,
naufragado em 1638, tinha 43 a 49 m de comprimento, e 2,000 toneladas. O Santísima Trinidad tinha 51.5 m.
Os naufrágios dos galeões de Manila
tornaram-se por isso uma lenda, só ultrapassada pelos navios dos tesouros nas
Caraíbas.
A viagem pelo Pacífico durava
quatro meses, e os galeões de Manila eram o principal contacto entre Manila e o
México, e portanto a Espanha. Mesmo após a independência o México manteria
relações culturais e comerciais com as Filipinas.
O início da exploração se deu através
da distribuição de adelantados, cargos de nobreza que advinham da posse de
terras a serem conquistadas em regiões fronteiriças pelo senhor-guerreiro. Os
poderes eram teoricamente ilimitados e a exploração econômica era por conta do
senhor que pagava um quinto de imposto ao estado. Também era responsabilidade
do adelantado a cristianização do índio.
Conforme se desenvolvia uma estrutura
produtiva e consumidora na América espanhola, a corte teve que melhorar sua
estrutura burocrático - administrativa. Para tanto dividiu as suas posses
americanas em Vice-reinos, que eram administrados pela Audiência, órgão
deliberativo composto pela alta nobreza espanhola e presidida pelo vice-rei
que, além de incentivar a colonização, era também responsável pela justiça e
pela catequese.
Além dos Vice-reinos, a estrutura
administrativa colonial ainda dividiu a América espanhola em cinco Capitanias Gerais,
quais foram: Cuba, Venezuela, Guatemala (Nicarágua, Honduras e Costa Rica),
Chile e Flórida. O poder local nos Vice-reinos e nas Capitanias Gerais era
exercido pelos Cabildos, espécies de Câmaras Municipais que os portugueses
introduziram no Brasil. Os Cabildos possuíam uma certa autonomia política e
econômica. Neles, os altos cargos ficavam por conta dos Chapetones - elite
espanhola de nascimento (primogênito) que se dedicava exclusivamente à
mineração e às atividades agro-pecuárias.
Os cargos mais baixos da administração
eram preenchidos com membros da elite criolla - de origem espanhola, porém
nascidos na América e que se dedicavam mais às atividades comerciais do que a
mineração e a agro-pecuária.
A sociedade colonial da América
espanhola, além das duas classes sociais acima citadas, possuía também as
demais classes em ordem de importância social:
Mestiços - vaqueiros, artesãos,
capatazes de minas e fazendas, vagabundos etc.
Índios - obrigados aos serviços
pesados em minas e fazendas, trabalho este justificado pela maioria dos padres
católicos (o serviço forçado ajudava a expiar a culpa dos nativos e os
aproximava do perdão de suas almas) com exceção dos jesuítas brasileiros e
paraguaios.
Negros - mão de obra utilizada em
menor quantidade, principalmente após o declínio da mineração nas plantations,
que se espalharam por entre as terras espanholas na América.
O trabalho utilizado nas
regiões coloniais espanholas obedecia à seguinte divisão:
Mita: comum nas regiões dos países andinos e
no México (com o nome de cuatéquil), era um serviço obrigatório, insalubre,
temporário e gratuito (embora recebam um pouco de dinheiro para a compra de
fumo e álcool), no qual o indígena era superexplorado até a morte, que não
tardava a chegar.
Encomienda: comum na extração de metais e na
agricultura nas haciendas (plantations para o mercado intercolonial e
metropolitano ou subsistência do próprio mercado local); também era um
trabalho, servil porém o fazendeiro ou minerador era obrigado a promover o
processo de catequese, sendo também obrigado a pagar imposto pelo número de
indígenas utilizados.
Escravo: no Caribe (Cuba e Porto Rico), nas
plantations de produtos tropicais e nos serviços domésticos. No restante da
América espanhola, em pequena escala. O tráfico negreiro era realizado por
holandeses, ingleses, portugueses e italianos.
Uma das conseqüências mais importantes
para a economia européia foi a entrada de ouro e prata em grandes quantidades
na Espanha, espalhando-se por quase toda a Europa e desvalorizando as moedas
dos outros países e produzindo uma elevação generalizada dos preços no século
XVI e XVII em toda a Europa. Este período inflacionário ficou conhecido como
revolução dos preços.
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