segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Civilização Maia (P1 De História da América)




Parte final da P1 de História da América, aqui e agora. Abraço, moçada!


      O território que compreende a antiga civilização maia estendia-se por 325.000 km², abarcando terras do Istmo de Tehuantepec e Península do Yucatán (México), quase toda a atual Guatemala, ocidente de Honduras e a atual Belize. Há cinco mil anos esse perímetro era povoado, mas a história maia propriamente dita só começa na nossa era.
     No início, não conheciam nem cerâmica nem agricultura; começaram a cultivar o milho somente por volta do ano 1000 da nossa era e, também, fabricação de artigos cerâmicos. Inclusive, vários exemplares de vasos, estatuetas e cabeças cerimoniais apresentam certa analogia com figuras descobertas na zona olmeca (ver astecas). A última etapa deste estágio aborígene teria se iniciado em 350 desta era; as primeiras construções em pedra, terraços e pirâmides em Uaxactún e Yucatán.
    Há controvérsias sobre a origem da civilização maia. Há quem defenda o seu surgimento em algum lugar na costa de Vera Cruz (Golfo do México); outros, em El Petén, Tikal ou Uaxactún. Uma data mais antiga conhecida sobre o assunto encontra-se numa estela em Tikal, datada de 292. Uma outra referência é uma placa de jade proveniente da mesma região, e que traz a data em 390. Esta segunda é que fez se iniciar a história maia.
    Em geral, divide-se em dois períodos, a história maia:
    O Antigo Império Maia, crescido na região do Istmo de Tehuantepec, Guatemala e oeste de Honduras,  dividira-se em três fases: a primeira, de 320 a 633, já se dá conta da existência de várias cidades importantes e uma cerâmica característica (Tzakol). A segunda fase distinguiu-se por um novo tipo de cerâmica chamada Tepeu. A terceira, de 731 a 987, marcou o apogeu dos grandes centros como Palenque, Yaxchilán e Piedras Negras; a escultura atingiu sua expressão máxima e o desenvolvimento cultural só não foi muito longe porque veio a decadência e uma queda vertiginosa que solapou essa civilização e obrigou os maias a emigrar para outras regiões, abrindo novas clareiras na luxuriante mata tropical e cultivar solo ainda virgem. A hipótese mais verossímil sobre o desaparecimento do Antigo Império versa sobre o esgotamento do solo, pois com o crescimento dos centros urbanos, o espaço para a produção agrícola tinha que ser conquistado à mata, de uma forma mais acelerada e sem o cuidado adequado com o solo.
    O Novo Império Maia firmou seu domicílio por excelência na metade norte da Península do Yucatán, começando sua história no século X, uma época de várias migrações cuja conseqüência foi o estabelecimento de um novo sistema cultural e religioso, diferente dos que havia no Antigo Império. Uma das migrações de maior relevância foi a da tribos dos Itzás, que abandonara a costa sudoeste para se instalar no norte do Yucatán, no sítio anteriormente habitado de Chichén. Depois, um chefe mexicano chamado Kukulkán (é o mesmo Quetzalcoatl dos Toltecas), passando por Chichén-Itzá fixou-se numa nova cidade ao centro da península, Mayapán. Na mesma época, Uxmal, próxima à Mayapán, foi fundada por um chefe do clã Xiu, cujo nome parece ser de origem mexicana. Essas três cidades se confederaram na Liga de Mayapán, que governou a região por mais de 200 anos, período este que conheceu  uma extraordinária expansão de todas as artes maias, possivelmente graças à contribuição tolteca, pois os monumentos de Chichén-Itzá se filiam nitidamente ao estilo tolteca. Ignora-se o que provocou a ruptura da Liga, mas era um fato consumado em 1194, quando Chichén-Itzá e Mayapán entraram numa guerra e Mayapán venceu, submetendo toda a população da cidade vencida à escravidão e governando a região por mais de dois séculos, até que Chichén revoltara-se, ocupou Mayapán, aprisionando seu chefe e filho, matando-os. Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia: cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas. Teoriza-se também com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a elite urbana nas terras baixas centrais. Toda a autoridade desapareceu, a desorganização política foi completa até o advento dos espanhóis.
         A zona maia compreendia certo número de cidades-estado, semelhantes à Grécia Clássica. Cada estado era governado por um halac uinic (o verdadeiro homem), um cargo hereditário mas não com poder absoluto, pois era secundado por um conselho formado pelos principais chefes, sacerdotes e conselheiros especiais. O halac dirigia a política interna e externa de seu Estado e percebia os impostos, além de aprovar os batab,  chefe local que garantia o bom andamento de sua aldeia, como representante do halac uinic, mas não percebia os impostos. Este era assistido por dois ou três conselheiros que se encarregavam de um bairro e sem o consentimento dos quais o batab nada podia fazer. Encarregado da jurisdição da aldeia e do comando dos seus soldados, ele não podia fazer nada estrategicamente sem a aprovação de um nacom, chefe militar. Este era muito venerado e primava pela abstinência: de carne (comida) e de carnação (mulher). Os funcionários menores eram os tulipes, policiais que garantiam o cumprimento da lei.
     A sociedade maia era dividida em quatro classes: nobres, sacerdotes, povo e escravos. Os nobres eram os chefes locais, denominados como “aqueles que tinham pai e mãe” e davam muita importância ao nascimento,pelas árvores genealógicas encontradas em registros. Os sacerdotes possuíam, talvez, o maior prestígio dentre as classes; possuíam diversas atribuições, como encarregados de sacrifícios, artes e às ciências (astronomia, cronologia, escritura, advinhação, etc.). Os chilanes ou advinhos eram especialmente estimados pelo povo e tinham quatro auxiliares chamados chaces. O nome genérico para sacerdote era ahkin, e hoje em dia, os maias modernos chamam ahkin ao padre católico. O povo maia era certamente o mais industrioso da América Pré-Colombiana, pois é difícil imaginar o número de horas de trabalho que representa a construção de múltiplos terraços sobre os quais se ergueram as construções de templos, pirâmides e palácios, levando-se em conta os rudimentares instrumentos com que contavam para tanto, ainda mais considerando que desconheciam o ferro. E os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra ou delinqüentes de delito comum, estes últimos privados de liberdade e condenados a trabalhar até o cumprimento de suas penas. Comprava-se um escravo como uma mercadoria.
     A economia maia era essencialmente baseada na agricultura. Mas sem quaisquer cuidados com a terra, métodos bastante primitivos: desbravava-se pelo fogo a parte que se queria semear e, sem nenhum adubo, depositavam as sementes nos buracos cavado por meio de um pau pontudo. Cultivavam o milho, o algodão e uma espécie de agave. O cacaueiro é originário da região maia, especialmente de Tabasco. A agricultura maia choca-se com um problema sério, o da água: a ausência de qualquer curso d’água e uma estiagem de oito meses obrigavam os maias a escolher, para instalar-se, a vizinhança de lagos naturais ou cenotes. Na falta de cenotes, eles recolhiam a água das chuvas nas cisternas. Apenas na época moderna é que eles cavaram poços para abastecimento.
    Quanto às manifestações culturais – fator de prestígio da civilização maia – percebe-se nos achados em sítios arqueológicos que eles elaboraram um sistema de escrita muito complexo, não lembrando nenhum sistema de escrita conhecido e que até hoje puseram em xeque os mais competentes especialistas. Apenas os sinais relativos ao cômputo do tempo puderam ser traduzidos. Sua aritmética permitia cálculos astronômicos de uma exatidão admirável, baseada num sistema vigesimal e empregando para a numeração pontos (valendo 1) e traços (valendo 5) até 19. O número 20, equivalente a uma unidade de segundo grau, era representado por um ponto acima de uma linha reservada às unidades de primeiro grau. A arquitetura é, antes de tudo, religiosa: os edifícios são agrupados para formar um centro consagrado ao culto, enquanto o povo vivia disperso nas cabanas das imediações. Distinguem-se duas espécies de edifícios: os templos e os palácios. Os primeiros, de forma retangular, ficam em cima de uma pirâmide truncada à qual se sobe por escadas laterais. Os segundos (provavelmente residência dos sacerdotes) são construídos sobre plataformas mais baixas. A escultura maia geralmente é decorativa;   representando basicamente divindades, sacerdotes ou chefes, esplêndidos baixo-relevos que decoram estelas e palácios ou templos. Há uma diferença no modelo de escultura dos períodos: a do Antigo Império é realista, com uma qualidade nunca superada em parte alguma do mundo; já no Novo Império, os padrões são abstratos, simbólicos, abusando da estilização dos motivos e quebrando a simetria das formas com variações angulosas.
    A religião dos antigos maias é-nos obscura. Nos mitos dos maias atuais encontram-se personagens que sejam talvez reminiscências das primeiras religiões da época pré-maia (Mamom e Chicanel, consultar apostila do Padrinho Édson) que deificavam fenômenos do mundo físico: gnomos dos campos de milho, deuses da chuva, sereias malignas, etc. O universo consistia em treze céus superpostos (oxlakuntiku), e sobbre nossa terra (o céu inferior) escalonavam-se nove mundos subterrâneos (bolontiku), dos quais o mais profundo pertencia ao deus da morte. Cada um desses mundos possuía seu deus próprio, assim como todos os fenômenos da natureza e também os dias (uinal, katun). Assim como os astecas, o dualismo era uma das características da religião: todos os deuses do panteão maia possuíam caráter benfazejo e maligno. O criador do mundo era Hunab; seu filho Itzana presenteara aos maias com a escrita, os códices e talvez o calendário. Todos os deuses eram objeto de um culto muito complexo ritualisticamente, estritamente observado. As cerimônias eram precedidas de jejuns e abstinências severas. Os sacrifícios representados durante o Antigo Império eram quase sempre pacíficos, com oferendas de objetos preciosos, alimentos ou, no máximo, animais. Apenas no Yucatán (e posteriormente) é que aparecem representações em templos citando sacrifícios humanos. 

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