Para uso dos companheiros do Terceiro Período de História - UCAM/Santa Cruz, noite.
Abraço e até já!
WILHELM, Jacques. A VIDA DOS OFÍCIOS, in Paris no Tempo do Rei Sol, Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1988. Cap.IV, pags 67 a 90.
Nestes primeiros parágrafos, Jacques Wilhelm ressalta a importância da produção artesanal e manufatureira parisiense, o nível de qualidade alcançado pelo controle rígido da produção e de seus profissionais. Criadas por Henrique IV, e fazendo uso de farta mão-de-obra estrangeira, as manutafuras chegaram até o tempo de Colbert com comprovada excelência no setor, usando este ministro todo tipo de artifício, entre espionagens e coações, para a execução desta política de retenção de divisas. Mesmo tendo acerada estrutura corporativa desde a Idade Média, os ofícios sofreram regulamentações estatais que influíram negativamente na qualidade de alguns cargos com a criação de outros, inúteis para efeito profissional, a ponto de Henri Sée¹ escrever que, sob Luís XIV, “a realeza vende o direito ao trabalho”. Da página 70 a 73, o autor identifica a quantidade dos ofícios na Paris do Rei Sol; revela o número do chamado Corpo dos Seis, os seis mais ricos ofícios da cidade, a distinção entre cada afazer, suas limitações e especializações e a quantidade desses profissionais em relação à população da cidade. E também suas manobras para fugir à sanha controladora do Estado. Da página 73 a 75, Wilhelm explica os caminhos para que um aprendiz ou companheiro consiga ascender à condição de mestre, a duração do aprendizado segundo as diversas categorias, a severidade extrema daqueles ensinamentos e a falta de escrúpulo de alguns mestres com rapazes imberbes, as providências antes, durante e depois do trabalho propriamente dito e as fatalidades que hora ocorressem-lhe. Até à página 79, explica o autor a jornada de trabalho segundo os estatutos do Ofício, a remuneração e a preferência pelo pagamento mensal contra a empreitada; a pressão do ministro Colbert sobre a redução do número de festas do calendário para que se pudesse obter maior rendimento com dias trabalhados, a relação do pagamento dos companheiros em relação ao custo de vida da época, toda sorte de dificuldades de companheiros e aprendizes quando adoeciam ou perdessem o emprego sem quaisquer garantias de benefício empregatício, as tentativas pioneiras de greves por melhorias salariais e/ou seu acesso à mestria, que já se tornava, em alguns casos, condição hereditária para muitos setores, como na citação ao Grande Matadouro de Paris, uma quase-casta controlada por quatro famílias naquele século XVII. Entre o final da página 79 e as páginas 80 e 84, o autor revela os artifícios engendrados pelos mestres a fim de manter o poder de um pequeno grupo na direção dos Ofícios, como qualquer dinastia; alguns deles, absurdos, segundo Jacques Savary² . Muitas famílias de “oficiais” reais tinham sua origem no sucesso artesanal ou mercantil, enobrecidos com a compra de cargos. Mercadores de primeira categoria eram imensamente ricos; residiam em locais que primavam pelo afluxo dos clientes e não pela suntuosidade. Boticários, açougueiros, botequineiros e mestres de armas eram extremamente poderosos e organizados, estes últimos passíveis de enobrecimento após vinte anos de ofício, e por serem muito poucos em atividade. Quanto às mulheres, não havia nenhuma proibição para o trabalho, desde que fossem habilidosas no que se propunham; algumas singularidades, como a mestra possuir apenas uma aprendiz ou sanções contra a mestra que “faltasse contra a própria honra” eram destaque nos estatutos da categoria. Wilhelm finaliza as três últimas páginas ressaltando a participação das corporações às confrarias religiosas, praticamente obrigado pela autoridade real, que aprovava-lhe ou não os estatutos; fiscalizava, amiúde, o destino dos fundos arrecadados pelos confrades, para que não fossem absorvidos para outras atividades não tão nobres ou santas assim.
Palavras-chave: corporações, artesãos, confrarias, ofícios.
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