quinta-feira, 29 de março de 2012

Liquidificando e Peneirando - História Contemporânea







As Revoluções  -  A Era das Revoluções (Hobsbawm II)
(na dúvida, releia a apostila original de aula)





LIQUIDIFICANDO E PENEIRANDO

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
(As Revoluções)



Por : Jorge Luiz da Silva Alves (UCAM/Santa Cruz – noite)


a) INCAPACIDADE DE CONTER A ONDA REVOLUCIONÁRIA (Propaganda / “contágio espontâneo) => Todas as potências que combateram os ideais da Revolução Francesa por mais de vinte anos, entre a queda da Bastilha e o Congresso de Viena (1815), foram incapazes de conter o curso da história. Mesmo os britânicos, que não simpatizavam com as monarquias reacionárias do continente europeu, nocivos ao seu desenvolvimento e expansionismo, mas que viam na expansão franco-jacobina uma poderosa concorrência político-financeira internacional.
Houve três ondas revolucionárias no Ocidente entre 1815 e 1848: a primeira, entre 1820 e 1824; a segunda, entre 1829 e 1834; e a terceira – e mais intensa de todas -, em 1848. Nunca houve nada tão próximo da 'primavera dos povos', um desenho nítido e de firmes traços do que seria uma revolução mundial do que essa época do século XIX, onde até as nações do Novo Mundo aproveitaram para se emancipar ao som da “Marselhesa” de Valmy.

b) O LEGADO DA REVOLUÇÃO FRANCESA - PADRÕES PARA VARIAÇÕES => A Revolução de 1789 determinou o padrão de insurreições européias contra os modelos conservadores pós-Waterloo/1815; e, ao contrário daquelas, estas foram intencionais, planejadas. A restauração monárquica que se seguiu após o Congresso de Viena era completamente inadequada às mudanças sociais cada vez mais rápidas, e as difusões das idéias revolucionárias uniram a Europa numa corrente subversiva de grandes proporções.
Essas correntes foram moldadas em vários modelos:
Liberal-moderado, ou se preferirem, da classe média superior e da aristocracia liberal (ou como no livro de T.C.W.Blanning ,[aula de História do Século XVIII, Eduardo Affonso], uma variante dos “notáveis”) ;
Democratas-Radicais ( ou os da classe média inferior, parte dos novos industriais, intelectuais e pequena nobreza descontente);
Socialista (“trabalhadores pobres”, novas classes operáriais industriais).
c) A MOBILIZAÇÃO NÃO SE DEU POR GRANDES CONSPIRAÇÕES => Inicialmente, a onda de insurreições ocorridas nos períodos acontecera ao sabor de minúsculos grupos de ricos e de pessoas cultas; os pobres que estavam conscientemente na esquerda aceitavam os slogans revolucionários da classe média, embora em sua versão radical-democrata do que em sua versão moderada, mas ainda sem um certo tom de desafio social. Todos os revolucionários consideravam-se, com certa justiça, pequenas elites de emancipados e progressistas atuando entre – e para o eventual benefício de – uma vasta e inerte massa do povo ignorante e iludido.

As revoluções de 1830 mudaram a situação inteiramente. A política e a revolução de massa com base em 1789 tornaram-se possíveis, deixando cada vez mais de lado a dependência das irmandades secretas na instigação desses eventos. Exemplo foi a queda dos Bourbons na França, típica combinação de crise do que se considerava a política da monarquia restaurada e de intranquilidade popular devido à depressão econômica.
Anteriormente, em alguns levantes, como os do 'carbonarios', as irmandades estavam sempre à sombra, secundando e motivando alguns movimentos com seus rituais altamente coloridos e uma hierarquia derivada ou copiada dos movimentos maçônicos. Uma onda de insurreições 'carbonárias' ocorreu em 1820-21, fracassando na França e tendo êxitos temporários na Itália e na Espanha e também na Rússia.
Outro veio possível para 1830 foi que com o progresso do capitalismo, o “povo” e os “trabalhadores pobres” - ou seja, os homens que construíram as barricadas – podiam ser mais identificados com o novo proletariado industrial (classe operária). E este ano também introduziu uma cisão na política de esquerda, separando moderados de radicais, criando uma nova situação internacional: não só segmentos sociais, mas nacionais.

d) QUE ONDA ESTAVA DISPOSTA A PAGAR O PREÇO DA REVOLUÇÃO SOCIAL? => Talvez a pergunta não seja essa, e sim: “Estaria a base da nova pirâmide social preparada para conquistar sua liberdade?” . O descontentamento dos pobres por toda a Europa Ocidental era flagrante, movimentos socialistas eram visíveis nos países da revolução dupla, Inglaterra e França. Os camponeses e a classe operária eram os novos sinais de perigo para o sistema moderado-conservador que conduzia os destinos das nações européias. A questão da revolução social dividira os radicais da classe média: a pequena burguesia descontente deste grupo simpatizavam com os pobres contra os ricos, assim como pequenos proprietários simpatizavam com os ricos.
e) CARÁTER EXPLOSIVO DO CAMPESINATO => longe dos centros pioneiros das revoluções sociais, o problema era bem maios sério: a baixa nobreza rural e os intelectuais descontentes eram o centro do radicalismo local, e as massas eram o campesinato. E um campesinato internacionalizado – eslavos e romenos na Hungria; ucranianos na Polônia Oriental; eslavos em partes da Áustria. Um campesianto sem quaisquer modernizações das áreas interioranas, vivendo ainda em regimes próximos à servidão. E, uma vez atingido o estágio de atividade, de alguma forma as exigências desse campesinato teriam de ser satisfeitas, pelo menos onde os revolucionários lutavam contra o domínio estrangeiro; pois, se eles não atraíssem os camponeses para seu lado, os reacionários o fariam. E os reis legítimos, imperadores e as igrejas já possuíam nesas regiões uma vantagem tática: camponeses tradicionalistas confiavam mais neles do que nos senhores de terras, e em princípio ainda aguardavam que eles fizessem justiça.
Para resumir ainda mais esse trecho da apostila II hobsbauana, os radicais da Europa subdesenvolvida nunca resolveram eficazmente o seu problema, em parte devido à relutância dos que os apoiavam em fazer adequadas concessões ao campesinato, em parte devido à imaturidade política dos camponeses.

f) CARACTERÍSTICAS COMUNS DA 2ª E 3ª ONDAS => Em primeiro lugar, eles continuaram sendo em grande parte organizações miniritárias de conspiradores da classe média e intelectuais, frequentemente exilados ou limitados ao mundo relativamente pequeno dos letrados. Em segundo lugar, eles mantiveram um padrão comum de procedimento político, de idéias estratégicas e táticas, etc., derivadas da experiência/herança de 1789, e um forte sentido de unidade internacional.
Um fator acidental que reforçou o internacionalismo de 1830-1848 foi o exílio. A maioria dos militantes políticos de esquerda continental foram expatriados durante certo tempo, muitos durante décadas. Nos centros de refúgio – poucas zonas, como a França, Suíça, Grã-Bretanha e Bélgica – os emigrantes se organizavam, debatiam, discutiam, frequentavam-se e denunciavam-se uns aos outros e planejavam a libertação de seus ou outros países. Um destino e um ideal uniam estes expatriados e viajantes. A maioria deles enfrentavam os mesmos problemas de pobreza e vigilância policial, de correspondência ilegal, espionagem e do onipresente agente provocador.
Nem sempre eles se admiravam ou se aprovavam mutuamente, mas se conheciam e sabiam que seus destinos eram os mesmos. Juntos, prepararam-se e esperaram a revolução européia, que veio – e fracassou – em 1848.


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