Segue o texto liquidificado e peneirado sobre o período que antecede a Revolta dos Mazombos em Pernambuco (1666-1715). Vamos lá, povo da História!
LIQUIDIFICANDO E PENEIRANDO
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIA
O
PÓS-PERNAMBUCO HOLANDÊS
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“(...)Os vínculos coloniais entre Pernambuco e
Portugal foram assim redefinidos a partir do papel exercido pela
açucarocracia na liquidação do domínio holandês(...)” . A
restauração sob a égide dos Bragança acontecera em pleno
andamento das contendas entre os holandeses e os países ibéricos
agora separados; a estrutura montada pelo aparato batavo em terras de
Pernambuco ocasionara a ascenção de Recife – então capital do
Brasil Holandês, com todo requinte nassoviano de direito – em
detrimento à Olinda. O antagonismo entre os mercadores reinóis e a
nobreza da terra pernambucana ganhara viço quando a Coroa,
observando a pujança da comunidade mercantil que mantinha a antiga
sede fundada por holandeses, seus monumentos civis, militares e
religiosos, assentara-se ali graças à superioridade militar e
comercial do sítio bem como o ponto de partidas e chegadas da frota
lusa a serviço do Rei. Mesmo que, em 1663, a decisão real após a
consulta ao Conselho Ultramarino fixara a transferência do governo
da capitania em Olinda – pois, apesar de representar a fachada
urbana de uma nobreza inteiramente ruralizada, mantinha duas
instituições citadinas de inequivoca presença da autoridade
imperial portuguesa, a Santa Casa de Misericórdia e a Casa da Câmara
- , os agentes d'El Rei não tinham a menor intenção de se privar
do conforto, dos recursos e da sociabilidade reinol que lhes podia
oferecer a ex-capital do Brasil holandês, inclusive investindo
pesado em sua manutenção.
Com isso, foram os pernambucanos solicitar ao Rei honras,
mercês e cargos em troca de seu empenho na expulsão dos holandeses,
“à custa de nosso sangue, vidas e fazendas”, revelando exemplos
práticos que levou vassalos reinóis e ultramarinos a se
constituírem em sujeitos políticos nas tessituras das redes de
poder e negociações no império português. Os mesmos senhores de
engenho que se endividaram com os sucessores de Nassau (WIC), já
arruinados pela nova direção, terminaram por pegar em armas nas
duas sedições dos Guararapes e na Campina do Taborda (1654) que
formalizara a rendição holandesa. Mas a indenização aos Países
Baixos fora parcelada em quarenta anos e saíra dos bolsos arruinados
dos senhores de terras pernanmbucanos, somando-se a isso a baixa do
preço do açúcar na Europa e a destruição dos muitos engenhos
durante os conflitos. Entre 1654 e 1710, a dificuldade passada pela
açucarocracia aumentara com a chegada paulatina de renóis ao
Recife; vendo aqueles usufruírem de privilégios e honrarias
cabíveis (segundo estes) apenas aos descendentes dos defensores da
terra, promoveram uma insurreição por parte dos mazombos que
geraria uma reação dos mascates recifenses, reprimida duramente
pela Coroa (1711-1715), chamada geralmente de Revolta dos Mazombos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CABRAL DE MELLO,
Evaldo. Rubro Veio – O Imaginário da Restauração
Pernambucana. págs 105 a 122. São Paulo: Editora Alameda, 2008.
BICALHO, Maria
Fernanda, professora-adjunta da Universidade
Federal Fluminense. Cidades e Elites Coloniais –
Redes de Poder e Negociação. Rio de Janeiro: artigo da revista
Varia História, nº 29, jan 2003.
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