quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pernambuco Holandês (resumão do Evaldo)






Segue o texto liquidificado e peneirado sobre o período que antecede a Revolta dos Mazombos em Pernambuco (1666-1715). Vamos lá, povo da História!









LIQUIDIFICANDO E PENEIRANDO
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIA

O PÓS-PERNAMBUCO HOLANDÊS
1 6 5 4 - 1 7 1 5


(...)Os vínculos coloniais entre Pernambuco e Portugal foram assim redefinidos a partir do papel exercido pela açucarocracia na liquidação do domínio holandês(...)” . A restauração sob a égide dos Bragança acontecera em pleno andamento das contendas entre os holandeses e os países ibéricos agora separados; a estrutura montada pelo aparato batavo em terras de Pernambuco ocasionara a ascenção de Recife – então capital do Brasil Holandês, com todo requinte nassoviano de direito – em detrimento à Olinda. O antagonismo entre os mercadores reinóis e a nobreza da terra pernambucana ganhara viço quando a Coroa, observando a pujança da comunidade mercantil que mantinha a antiga sede fundada por holandeses, seus monumentos civis, militares e religiosos, assentara-se ali graças à superioridade militar e comercial do sítio bem como o ponto de partidas e chegadas da frota lusa a serviço do Rei. Mesmo que, em 1663, a decisão real após a consulta ao Conselho Ultramarino fixara a transferência do governo da capitania em Olinda – pois, apesar de representar a fachada urbana de uma nobreza inteiramente ruralizada, mantinha duas instituições citadinas de inequivoca presença da autoridade imperial portuguesa, a Santa Casa de Misericórdia e a Casa da Câmara - , os agentes d'El Rei não tinham a menor intenção de se privar do conforto, dos recursos e da sociabilidade reinol que lhes podia oferecer a ex-capital do Brasil holandês, inclusive investindo pesado em sua manutenção.
Com isso, foram os pernambucanos solicitar ao Rei honras, mercês e cargos em troca de seu empenho na expulsão dos holandeses, “à custa de nosso sangue, vidas e fazendas”, revelando exemplos práticos que levou vassalos reinóis e ultramarinos a se constituírem em sujeitos políticos nas tessituras das redes de poder e negociações no império português. Os mesmos senhores de engenho que se endividaram com os sucessores de Nassau (WIC), já arruinados pela nova direção, terminaram por pegar em armas nas duas sedições dos Guararapes e na Campina do Taborda (1654) que formalizara a rendição holandesa. Mas a indenização aos Países Baixos fora parcelada em quarenta anos e saíra dos bolsos arruinados dos senhores de terras pernanmbucanos, somando-se a isso a baixa do preço do açúcar na Europa e a destruição dos muitos engenhos durante os conflitos. Entre 1654 e 1710, a dificuldade passada pela açucarocracia aumentara com a chegada paulatina de renóis ao Recife; vendo aqueles usufruírem de privilégios e honrarias cabíveis (segundo estes) apenas aos descendentes dos defensores da terra, promoveram uma insurreição por parte dos mazombos que geraria uma reação dos mascates recifenses, reprimida duramente pela Coroa (1711-1715), chamada geralmente de Revolta dos Mazombos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CABRAL DE MELLO, Evaldo. Rubro Veio – O Imaginário da Restauração Pernambucana. págs 105 a 122. São Paulo: Editora Alameda, 2008.

BICALHO, Maria Fernanda, professora-adjunta da Universidade Federal Fluminense. Cidades e Elites Coloniais – Redes de Poder e Negociação. Rio de Janeiro: artigo da revista Varia História, nº 29, jan 2003.    

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