segunda-feira, 11 de junho de 2012

Aristocratas Versus Burgueses - páginas 27 e 28, e da 30 a 33 (P2)






O conteúdo peneirado da prova de História do século XVIII (Eduardo Afonso) - é hoje, futuros historiadores!








LIQUIDIFICANDO E PENEIRANDO
HISTÓRIA MODERNA - SÉC XVIII




ARISTOCRATAS VERSUS BURGUESES
A REVOLUÇÃO FRANCESA

T. C. W. Blanning


Nas páginas 27 e 28, constatamos que a origem dos filósofos era nobre: nomes respeitáveis do enciclopedismo vinham das melhores famílias francesas; outros eram parte de um grupo que dera as costas às suas origens através da compra de seu acesso à nobreza. L'Enciclopédie inclui uma grande proporção de nobres antigos e novos, um número surpreendente de clérigos e revela um entrecruzamento das classes altas e médias. A Enciclopédie não atraía os setores economicamente progressistas da sociedade francesa, mas os tradicionais: nobres, oficiais, advogados e clérigos. Segundo Robert Darnton, “Os leitores do livro provinham de setores sociais que mais rapidamente se desintegrariam em 1789”. Estudos sobre a atividade iluminista em dois dos principais centros de atividade – as academias provinciais e as lojas maçônicas – mostraram exemplos similares. De uma forma desigual mas muito ampla, os consumidores do Iluminismo estavam distribuídos de ponta a ponta na sociedade letrada. Nas academias, o índice de nobres e clérigos era substancialmente maior do que nas lojas maçônicas, reduto mais sólido de burgueses capitalistas, enquanto nas academias, a burguesia de profissionais liberais vicejava com maior ênfase.

Nas galerias de arte, desde 1730, o acesso baseava-se mais no mérito que na posição social, a nobreza progressista relacionava-se socialmente com plebeus num processo facilitado por uma educação comum aos escalões superiores, tanto dos nobres quanto burgueses - uma vez que compunham, ambos escalões, uma elite singular unificada pela opulência e capacidades (“notáveis”).

Páginas 30 a 33 => O Iluminismo atraía a maior parte das atenções da nobreza, era basicamente composta por ela e desenvolvia uma liberdade de ação do homem num ethos saudável e construtivo, “liberdade do homem moral de seguir seu próprio caminho”. Naturezas diametralmente opostas como as de Montesquieu e Rousseau encontravam-se nos princípios do Iluminismo. O que parece ausente nas linhas iluministas é o conceito de “igualdade”, pois os filósofos não eram igualitários, mas meritocratas – o suficiente para torná-los hostis aos privilégios de nascimento, mas compassíveis com as idiossincrasias aristocráticas. Algo que nos leva a crer que dificilmente o Iluminismo fosse hostil ao Antigo Regime como um todo ou mesmo aos interesses da nobreza, devendo-se condicionar este último à natureza do nobre em questão. A hostilidade de fato voltava-se mais para os abusos do Antigo Regime do que para a sua essência, e um espelho reluzente destes abusos era refletido para a Igreja Católica, mentora de privilegiados e grande trava na consciência humana. O despotismo dos fundamentos ideológicos do regime (baseado na Cristandade e no direito divino dos reis) fazia com que os filósofos permanecessem alienados ao governo, mas não à alta sociedade, a qual desfrutavam com todos os seus haveres e pensões – e olhando o Regime com um olhar cada vez mais crítico.

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