O conteúdo peneirado da prova de História do século XVIII (Eduardo Afonso) - é hoje, futuros historiadores!
LIQUIDIFICANDO E
PENEIRANDO
HISTÓRIA MODERNA - SÉC XVIII
ARISTOCRATAS VERSUS BURGUESES
A REVOLUÇÃO FRANCESA
T. C. W. Blanning
Nas páginas
27 e 28, constatamos que
a origem dos filósofos era nobre: nomes respeitáveis do
enciclopedismo vinham das melhores famílias francesas; outros eram
parte de um grupo que dera as costas às suas origens através da
compra de seu acesso à nobreza. L'Enciclopédie
inclui uma grande proporção de nobres antigos e novos, um número
surpreendente de clérigos e revela um entrecruzamento das classes
altas e médias. A Enciclopédie
não atraía os setores economicamente progressistas da sociedade
francesa, mas os tradicionais: nobres, oficiais, advogados e
clérigos. Segundo Robert Darnton, “Os leitores do livro provinham
de setores sociais que mais rapidamente se desintegrariam em 1789”.
Estudos sobre a atividade iluminista em dois dos principais centros
de atividade – as academias provinciais e as lojas maçônicas –
mostraram exemplos similares. De uma forma desigual mas muito ampla,
os consumidores do Iluminismo estavam distribuídos de ponta a ponta
na sociedade letrada. Nas academias, o índice de nobres e clérigos
era substancialmente maior do que nas lojas maçônicas, reduto mais
sólido de burgueses capitalistas, enquanto nas academias, a
burguesia de profissionais liberais vicejava com maior ênfase.
Nas galerias de arte, desde 1730, o acesso baseava-se
mais no mérito que na posição social, a nobreza progressista
relacionava-se socialmente com plebeus num processo facilitado por
uma educação comum aos escalões superiores, tanto dos nobres
quanto burgueses - uma vez que compunham, ambos escalões, uma elite
singular unificada pela opulência e capacidades (“notáveis”).
Páginas
30 a 33 => O Iluminismo atraía a maior parte das
atenções da nobreza, era basicamente composta por ela e desenvolvia
uma liberdade de ação do homem num ethos saudável e construtivo,
“liberdade do homem moral de seguir seu próprio caminho”.
Naturezas diametralmente opostas como as de Montesquieu e Rousseau
encontravam-se nos princípios do Iluminismo. O que parece ausente
nas linhas iluministas é o conceito de “igualdade”, pois os
filósofos não eram igualitários, mas meritocratas – o
suficiente para torná-los hostis aos privilégios de nascimento, mas
compassíveis com as idiossincrasias aristocráticas. Algo que nos
leva a crer que dificilmente o Iluminismo fosse hostil ao Antigo
Regime como um todo ou mesmo aos interesses da nobreza, devendo-se
condicionar este último à natureza do nobre em questão. A
hostilidade de fato voltava-se mais para os abusos do Antigo Regime
do que para a sua essência, e um espelho reluzente destes abusos era
refletido para a Igreja Católica, mentora de privilegiados e
grande trava na consciência humana. O despotismo dos fundamentos
ideológicos do regime (baseado na Cristandade e no direito divino
dos reis) fazia com que os filósofos permanecessem alienados ao
governo, mas não à alta sociedade, a qual desfrutavam com todos os
seus haveres e pensões – e olhando o Regime com um olhar cada vez
mais crítico.
Muito bom Jorge Luiz. Valeu!
ResponderExcluir