domingo, 5 de maio de 2013

História da América, séculos XIX e XX : Resumo para a P1







Resumo para acompanhar com as apostilas do Edson Padrinho. Outra batalha, guerreiros da História!

I - A FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL ESTADUNIDENSE: CRIAÇÃO DA UNIDADE / EXPANSÃO TERRITORIAL

Comecemos esse resumo com as definições de Montserrat Guiberneau; a primeira, no tocante ao tipo de nacionalismo, temos dois modelos: modelo um, o incutido pelos governantes como um meio de homogeneizar sua população; modelo dois, o das nações sem Estado, incorporados a Estados nacionais maiores. A autora apresenta-nos também uma diferenciação entre Estado, Nação e Nacionalismo. Estado, usando a definição de Max Weber, ela explica, textualmente: " É uma comunidade humana que exige (com sucesso) o uso legítimo da força física dentro de um dado território". Por Nação, a autora compreende como "um grupo humano consciente de formar uma comunidade e de partilhar uma cultura comum, ligado a um território claramente demarcado, tendo um passado e projeto comuns, e a exigência do direito de se governar". E Nacionalismo: "sentimento de pertencer a uma comunidade cujo os membros se identificam com um conjunto de símbolos, crenças e estilos de vida, e têm a vontade de decidir sobre seu destino político comum".

A diferença entre Nação e Estado Nacional, baseado na autora: "O Estado Nacional procura criar uma nação e desenvolver um senso de comunidade dela proveniente; o Estado Nacional tem como objetivo a criação de uma cultura, símbolos e valores comuns".

Vale aqui lembrar do conceito de nação citado por Eric Hobsbawn: " corpo de cidadãos cuja soberania coletiva os constituía como um Estado concebido como sua expressão política". Comparando a definição de nacionalismo de Guiberneau, Hobsbawn definiria como "tradição inventada".

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Os Estados Unidos da América, no alvorecer da independência: grande parte da população provinha da Inglaterra, mas também do norte da Irlanda, da Renânia, da Holanda e da França. O Norte, progressista, era ligado ao comércio; o Sul, escravocrata, ligado a Plantation.

Ao cabo de um século e meio, a formação do Estado nacional norteamericano foi, primeiramente, uma aliança apenas política entre os seus Estados federados, mas que, posteriormente, foi alvo de um esforço conjunto de seus governantes e intelectuais para incutir na população o sentimento de nacionalismo através da criação de um passado comum , os heróis da independência, de uma cultura reconhecida como americana. Essas metas foram alcançadas principalmente pela atuação de instituições como a Escola, o Exército, a Igreja e a Família. Após esse esforço inicial para a criação de um nacionalismo americano, foi através da idéia de povo escolhido ou, como eles mesmo denominavam, 'destino manifesto', que então partiram para a agressão política de expansão e de domínio territorial do continente, anexando, comprando ou imprimindo guerras para alcançar os seus objetivos.

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II - AMÉRICA LATINA: UMA HISTÓRIA DE SANGUE E FOGO

Liberdade. Igualdade. Soberania popular. A América para os americanos. Essas idéias, livremente agrupadas sob a bandeira do liberalismo, possibilitaram a independência latino-americana. Elas haviam inspirado sonhos patriotas e justificado revoltas, explicando por que os americanos deveriam governar a si próprios. Por toda a América Latina, liberais ofereceram-se para pôr suas idéias em prática, com resultados desastrosos. Muitos governos liberais foram derrubados à força em poucos anos, presidentes e constituições sucedendo-se a uma velocidade estonteante. A América espanhola, nesse período (início do século XIX) adquirira uma reputação de instabilidade política, um amargo fracasso dos sonhos patriotas. Os hábitos de velhas hierarquias conservadoras esmagaram as esperanças de uma verdadeira democracia.

A liderança crioula dos exércitos patriotas brandira a bandeira do liberalismo, mas sofrera com as estruturas profundamente hierarquizadas das sociedades locais. Liberais ou conservadores, pouquíssimos americanos da elite aceitavam na prática a idéia de igualdade racial, ainda que um compromisso público formal com essa igualdade tenha sido estabelecido com as massas em seu apoio aos movimentos pela independência. Teoricamente, os liberais almejavam o "governo do povo", mas, na América Latina, os líderes liberais, tipicamente brancos e de classe superior, nutriam sentimentos ambíguos em relação ao "povo". Eurocêntricos e por demais ideológicos, os liberais não forneciam uma aplicação mais prática ao conceito de liberalismo nas nações, tornando-se esse conceito uma 'planta exótica' naquelas latitudes. Disso, aproveitavam-se os conservadores, direta e incisivamente proclamavam que o povo comum devia "conhecer o seu lugar", deixando o governo para "seus superiores".

Gradualmente, toda a América Latina dividira-se em linhas liberais e conservadoras: os primeiros, seguindo modelos progressivos norte-americanos, ingleses ou franceses; os conservadores, adotando diretrizes coloniais ou espanholas. Política partidária - com eleições, jornais e discursos - era novidade também na América Latina. Muitas questões exigiam debates, e essas regiões, por herança colonial, quase não tiveram experiências de fóruns públicos desta natureza, enfrentando nestes novos tempos, enormes dificuldades institucionais e também financeiras: afinal, pouquíssimos bancos haviam na região.

As guerras de independência devastaram as economias, sobretudo nas ricas regiões de prata mexicanas e peruanas. Agiotas locais cobravam taxas astronômicas de juros e, após alguns fracassos iniciais, os banqueiros londrinos se desinteressaram pela região. O controle do comércio importador/exportador passara diretamente, das mãos espanholas para as mãos dos comerciantes europeus e norte-americanos, pois os criollos tinham pouca experiência em atividades comerciais, preferindo investir em terra. A infra-estrutura, já precária, por conta da natureza (em países como o México, quase não haviam rios navegáveis, montanhas íngremes e florestas densas), a falta de capital para construir vias de escoamento das produções dificultou ainda mais o processo de desenvolvimento. À exceção do Brasil, as instituições governamentais tiveram que começar do zero. Por toda a parte, o palco estava armado contra os liberais, que pregavam um discurso ameaçador para sociedades militarizadas, onde muita gente possuía novas armas e velhos rancores. Eles dirigiam países destroçados pela guerra, com poderosos interesses (muitos mesquinhos) estabelecidos, e criando conflitos violentos. Os conservadores conclamavam os generais para impor a ordem, gritavam "anarquia!", tudo pela proteção da propriedade, criando um precedente trágico, cada vez que um presidente constitucional era derrubado por militares, solapando a legitimidade das regras estabelecidas do jogo político.

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III - ESTADOS UNIDOS: A CONQUISTA DA ÚLTIMA FRONTEIRA

Entre as décadas de 1860 e 1880, cerca de metade da área atual dos EUA já estava ocupada e era explorada por norte-americanos. Entre os estados imediatamente a oeste do Mississipi e os povoados da costa do Pacífico estendia-se uma imensa e virgem região de pradarias, planícies e montanhas, denominada de "O Grande Deserto". A ocupação dessa 'última fronteira' se deu por várias razões: a liberdade religiosa (no caso dos mórmons) ou o desejo de obter terras e ouro. Entre 1859 e 1876, houve 'corridas do ouro' para regiões que hoje são os estados de Nevada, Colorado, Idaho, Montana, Arizona, Dakota do Sul. Da noite para o dia, surgiam centenas de cidadelas temporárias, habitadas pela fauna comum de urbes destinadas ao garimpo fácil e rápido, além das profissões respeitáveis observadas lá no longínquo Leste. Cidadelas temporárias, explica-se: esgotados os veios de superfície, muitas dessas cidades ineiras eram, literalmente, abandonadas, transformando-se em cidades-fantasma.

A ocupação do Grande Deserto levou ao inevitável choque com populações indígenas; culturas que, no geral, viviam da caça aos búfalos e dependiam de amplo espaço para esse fim. O massacre de comunidades indígenas obrigou aos agredidos a revidar, violentamente, em confrontos sangrentos - um dos mais famosos, a Batalha de Sand Creek, de 1864. Os Sioux foram o povo indígena que mais resistira ao invasor. Durante os anos da Guerra Civil e da década de 1870, os embates com os Sioux e outras tribos continuavam, mesmo que esporadicamente. Em 1876, iniciando a "corrida do ouro de Dakota", os garimpeiros ocuparam um trecho de terra destinado aos indígenas, as Black Hills, provocando as primeiras escaramuças. Em 1890, com um levante indígena em Wounded Knee, Dakota do Sul, o massacre da população indígena encerrara o conflito. No sudoeste, somente com a captura do chefe apache Jerônimo, em 1885, é que os conflitos na área terminaram.

De certa forma, o modo de vida dos indígenas fora destruído pela dizimação dos búfalos; desde o governo de James Monroe (1817-1825), a política oficial fora de transferir os ameríndios para além da 'fronteira branca', sempre de maneira inábil e, por vezes, cruel. Mas, mesmo assim, até os defensores das causas e sistemas indígenas acreditavam que se tratava de culturas inferiores, e que os nativos "deveriam ser trazidos para os benefícios da civilização branca, assimilando-os na cultura dominante". Destruídas as autoridades tribais e submetidas ao Estado (na maior parte das vezes, ausente), as comunidades ameríndias tiveram enormes dificuldades na entrada do século XX.

O fim da "cultura das pradarias" começou ainda mais cedo, com a implantação de gado nas terras dos búfalos. Com a as desastrosas nevascas de 1885-86 e 1886-87, a indústria pecuária chegou com o congelamento de milhares de cabeças de gado vacum e/ou sua morte por fome no período. A contratação de funcionários fixos para as fazendas, o cerco das pastagens, isso acabou matando a era clássica do vaqueiro norte-americano, o cowboy, que oferecia seus serviços por curtas jornadas e errava por cidades, nômade por substância. E a estocada final fora dada pelas ferrovias: maiores vendedoras de terras para os colonos, assentando populações nas áreas que serviam os trilhos e seus derivativos.

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IV - O IMPERIALISMO

Escorados no pressuposto do darwinismo social e referendados pela Doutrina do presidente James Monroe, uma atmosfera de constante interesse nas questões externas conduziram o povo dos Estados Unidos ao caminho de um 'destino manifesto', sob a forma de uma anglo-saxônica missão civilizatória pelo mundo. A guerra Hispano-Americana de 1898 fornecera-lhe as bases para o desenvolvimento de uma política imperialista, que já se mostrava (segundo alguns historiadores) visível numa elite bélica entrincheirada nos primeiros escalões do governo: William Seward, secretário de Estado (1861 - 1869), fora o responsável pela aquisição do Alasca aos russos e das ilhas Midway, no Pacífico; os presidentes Theodore Roosevelt (política da fala macia e porrete na mão), Ulisses S. Grant e o secretário de estado James G.Elaine (1881, 1889 - 1892) foram os políticos que exprimiram claramente esse destino, em atitudes expansionistas sobre o Caribe, justificativas sobre uma "guerra justa", pan-americanismo liderado pelos EUA e até mesmo a construção dum canal no Panamá - o que se concretizaria a partir de 1903.

Cuba e as Filipinas (esta, no Oceano Pacífico, do outro lado do mundo) foram os laboratórios por onde a experiência expansionista americana fizera o seu 'debùt'. A ilha caribenha era extremamente dependente dos EUA na exportação de seu açúcar, e vivia em prosperidade graças às tarifas suaves para o escoamento de sua produção; mas a revogação dessas tarifas benéficas e a implantação de outra (Wilson-Gorman) mais pesada acabou desestabilizando o comércio e a política insular, a ponto de os espanhóis (ainda senhores daquele chão) reagirem violentamente. Como se não bastassem os protestos de diversos segmentos da sociedade para uma efetiva intervenção norte-americana na ilha, dois episódios providenciais empurraram a América para Cuba: a 'carta Lome', um documento da embaixada espanhola bastante delicado em suas opiniões sobre a presidência americana que vazou para o público; e a explosão do USS Maine, navio norte-americano atracado na baía de Havana, matando 260 marinheiros ianques. Guerra conseguida, vitória rápida, total hegemonia sobre a ilha. E o mesmo ocorrera nas Filipinas: aproveitando a instabilidade política da outra possessão hispânica, o presidente Roosevelt, alegando a situação de Cuba, deixou a esquadra americana de sobreaviso em Hong Kong para atacar os espanhóis em Manila. E foi o que ocorrera. Porto Rico também acabou passando para a sua tutela, virando um estado associado.

Entre 1900 e 1920, os EUA intervieram nos assuntos de pelo menos seis países no hemisfério sul. No Haiti, na República Dominicana, na Nicarágua, na Colômbia - onde houve, inclusive, uma clara agressão ao princípio de soberania local, ao atropelar os interesses nativos que contrariavam aos americanos e franceses na construção (e administração) do canal do Panamá. Até mesmo no México, durante as incursões de Pancho Villa. Aproximaram-se da Grã-Bretanha, com quem andavam historicamente às turras no século anterior para garantir sua independência e evitar o intervencionismo no continente. E construíram a base militar de Guantánamo, em Cuba, que, mesmo com todo o desenrolar dos eventos de Sierra Maestra, a queda de Batista, o apogeu de Fidel Castro e as peripécias do Che Guevara, ainda está lá, mostrando a força da política imperialista norte-americana, desde o seu alvorecer como país independente.







 

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