sábado, 21 de abril de 2012
A conquista e a colonização da Amazônia do século XVI ao XVIII
Mais um link para REFERÊNCIA sobre momentos do Brasil Colônia: A Conquista e Colonização da Amazônia, numa abordagem rápida que serve como referência para outros links mais técnicos e autores mais detalhados. Uma bússola inestimável para quem quiser se aprofundar nas questões da formação do Brasil durante o período colonial.
Abraços, bom feriado e moderação sempre, galera!
http://pt.scribd.com/doc/6926122/A-Conquista-e-colonizacao-da-Amazonia
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Mudança de dia para a reunião de estudo
Hoje, sexta-feira, 20 abr 2012, não haverá estudo na biblioteca. Na próxima terça-feira, 24 abr 2012, para quem quiser, estaremos na biblioteca após a aula de Brasil-Colônia do 3º período, a partir das 20:30 hs, e com a apostila "Religiosidade na colônia" devidamente resumida - inclusive neste blog.
Abraço, bom feriado - e moderação, galera! Sáude é o que interessa.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Os Dez Dias que Abalaram O Mundo - John Reed
A biografia do único norte-americano que teve honras de herói do socialismo soviético, o escritor John Silas Reed, autor "Os Dez Dias que Abalaram O Mundo", uma narrativa forte, dinâmica e crua dos dez dias da Revolução Russa de 1917.
Leitura obrigatória para qualquer historiador, licenciado ou bacharel. Memória viva dos eventos que mudaram a face do planeta, mostrando dramaticamente de forma quase instantânea no início do século passado, a mudança dos conceitos sobre os modos de produção, tão explanados por Karl Marx.
Boa leitura, amigos historiadores!
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Reed
http://www.marxists.org/archive/reed/
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Liquidificando e Peneirando - História Medieval
Resumão da apostila do Jacques Le Goff, sobre a instalação dos bárbaros no Ocidente Romano - transição da Antiguidade para o Medievalismo.
Até lá, povo da História!
LIQUIDIFICANDO E PENEIRANDO
A Instalação dos Bárbaros - Jacques Le Goff
por: Jorge Luiz da Silva Alves
=> (pág. 27) O Ocidente medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano. Nelas encontrou ao mesmo tempo, apoios e desvantagens. Roma foi seu alimento e foi a sua paralisia.
=> (pág. 28) A grande crise do século III minou o edifício. A unidade do mundo romano desfez-se e o seu coração – Roma e a Itália – deixou de irrigar os membros, que procuraram viver com vida própria: as províncias emanciparam-se e passaram a ser, por sua vez, conquistadoras. O ouro que paga as importações do luxo foge para o Leste, produtor e intermediário, cujos mercadores judeus e sírios monopolizam o grande comércio. As cidades do Ocidente entram em anemia e as do Oriente prosperam.
=> (pág. 29) O Cristianismo é um falso aliado de Roma. Os imperadores julgam conjurar o destino abandonando os deuses tutelares, que falharam, pelo Deus novo dos cristãos. A renovação constantiniana parece justificar todas as esperanças: a paz e a prosperidade parecem estar de volta sob a égide de Cristo. Mas, para a Igreja nascente, as estruturas romanas são, simplesmente, um quadro onde tomar forma, um alicerce onde se apoiar um instrumento para se afirmar.
=> (pág. 30-31) As causas das invasões importam-nos pouco. Os aspectos dessas invasões é que são mais importantes. Os invasores eram fugitivos pressionados por outros, mais fortes ou mais cruéis que eles. A sua crueldade era muitas vezes a do desespero, em especial quando Roma lhes recusavam o abrigo que eles, tantas vezes pacificamente lhes pediam. Se os Godos pegaram em armas contra os romanos em 378, foi porque tinham sido confinados em um território exíguo e sem recursos, onde os romanos tratavam-nos como animais, abusando deles como se escravos fossem, ou pior coisa.
=> (pág 36) Em sua caminhada desesperada pelo moribundo império, os bárbaros se beneficiaram da cumplicidade ativa ou passiva da massa da população romana. As camadas populares eram cada vez mais massacradas por uma minoria de ricos e poderosos, e isso explica o êxito das invasões bárbaras. Para não perecer à perseguição pública vão procurar entre os Bárbaros a humanidade negada pelos Romanos. E terminam por gostar muito mais de viver livres sob a aparência da escravidão bárbara do que escravos sob o fictício rótulo de cidadão romano.
=> (pág 38-39) Os Bárbaros que se instalaram no Império Romano no século V não eram mais os selvagens de trezentos anos antes; os caminhos percorridos tinham-nos levado a contactar com culturas e civilizações em que recolheram costumes, artes e técnicas. E outro fato de capitaol importância transformara a face dos invasores. Embora uma parte mantivesse-se pagã, a outra cristianizara-se. Mas por um curioso acaso que viria a ser carregado de consequências, esses bárbaros convertidos (ostrogodos, visigodos, burgúndios, vândalos e, mais tarde, lombardos) conerteram-se ao arianismo, uma forma de doutrina cristã julgada herética pelo Concílio de Nicéia.O que poderia ser um laço religioso foi, pelo contrário, um tema de discórdia e gerou ásperas lutas entre os Bárbaros arianos e os Romanos, Católicos.
=> (pág 48-49-50-51) O embrionário mundo medieval resulta do encontro e da fusão de dois mundos, de uma convergência das estruturas romanas e das estruturas bárbaras em transformação. O mundo romano, desde o século III estava a afastar-se de si mesmo. O comércio (a princípio, um comércio interno, entre províncias) estava em declínio. As cidades destruídas pela fúria bárbara, definhavam também sem a rede de abastecimento. Os citadinos abandonam-as pelas proximidades das esparsas zonas de produção. E assim, a fisionomia do Ocidente Medieval se esboçava, gradualmente: uma atomização em células viradas sobre si próprias e separadas umas das outras por “desertos” - florestas, gândaras e baldios. A ruralização é, ao mesmo tempo, e em primeiro lugar, um fato social que medeia a face da sociedade medieval. A desorganização de algumas trocas peseudocomerciais nas cidades arrasadas faz aumentar a fome, e a fome leva as massas para os campos e submete-as à servidão perante os dadores de pão, os grandes proprietários. A moeda de ouro deixou de circular e, quando é cunhada pelos soberanos merovíngios (francos), é mais por uma questão de prestígio, de vontade de exercício de uma prerrogativa soberana do que necessidade econômica.
=> (pág 52-53-55) A fuga a certos ofícios e a mobilidade da (volumosa) mão-de-obra rural tinham obrigado os imperadores do Baixo Império a declarar obrigatoriamente hereditárias determinadas profissões e tinham estimulado os grandes proprietários a vincular à terra os colonos destinados a substituir os escravos que rareavam. Era preciso conservar no seu lugar os homens necessários a uma economia que já não se alimentava com fornecimentos externos e ia cristalizando localmente.
E a Cristandade Ocidental formará o cimento necessário a este novo universo, transformando o desejo de fugir desta nova realidade estacionária num pecado capital. Tal Pai Tal Filho – esta será a lei da Idade Média Ocidental, herdada do Baixo Império Romano. O ideal estará numa sociedade de camponeses tenentes (de manere, ficar). Sociedade estratificada e compartamentada, horizontalmente.
Os invasores bárbaros vieram infiltrar-se à força nesses estratos sem grandes dificuldades. Afinal, repetindo, os invasores eram sedentários em fuga. Substituiram, à definição de Marc Bloch, o “nomadismo dos homens” pelo “nomadismo dos campos”, praticando uma agricultura seminômade, praticando a rotação dos afolhamentos, cultivando em queimadas e deslocando os seus cultivos temporários no interior de um determinado perímetro por desbravamentos marginais.
O apego do pequeno camponês bárbaro ao seu alódio¹, era, certamente, tanto maior quanto é fato que ele fazia questão de afirmar a sua independência – atitude normal por parte de um colono instalado num país conquistado e que pretende mostrar a sua superioridade sobre a massa indígena sujeita à servidão aos grandes proprietários (romanos pobres das cidades reduzidos à servidão de gleba). Segundo ainda Marc Bloch, “ a ação de uma civilização sobre outra não se mede, necessariamente, pela relação numérica dos elementos em presença”. Mas o desejo dos povos bárbaros – principalmente depois que se dividiram em pequenos grupos instalados no territótio romano - de não perder as tradições e os costumes a que estavam ligados foi singularmente reforçado pelo receio de ver-se numericamente abafados pelas antigas populações. Afinal, os Bárbaros, depois de sua instalação no Ocidente Romano, representavam 5% da população total.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
O Nascimento da América Portuguesa no contexto imperial lusitano
Outra excelente - e atual - fonte historiográfica sobre o descobrimento e a dinâmica do sistema colonial português no Brasil, na abordagem da doutora em História da PUC, Lucília Siqueira. Vale a pena guardar para o futuro.
Bom estudo, galera!
http://www.scielo.br/pdf/his/v28n1/04.pdf
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Diferença entre escravidão e servidão
Escravidão & Servidão
A servidão é o status legal e econômico dos camponeses ("servos") no feudalismo, especialmente no âmbito do sistema econômico da "senhoria" (direitos feudais sobre a terra). Os servos são trabalhadores rurais que estão vinculados à terra, formando a classe social mais baixa da sociedade feudal. À diferença dos escravos, os servos não eram propriedade de ninguém e não podiam ser vendidos, pois não eram como escravos, que eram propriedade dos donos. A servidão implica o trabalho forçado dos servos nos campos dos senhores de terras, em troca de proteção e do direito arrendar terras para subsistência. Ademais do trabalho na terra, os servos executavam diversos trabalhos relacionados com agricultura, como silvicultura, transporte (por terra e por rio), artesanato e mesmomanufatura.
A servidão evoluiu a partir da estrutura fundiária do Baixo Império Romano, caracterizada pela existência delatifúndios nos quais a mão-de-obra era formada por arrendatários que trabalhavam nos campos do proprietário e recebiam um lote de terra para a sua subsistência, mediante aluguel. Com a instabilidade do Império nos séculos III e IV d.C., diversos pequenos proprietários passaram a vender suas terras para os grandes senhores de terras e a empregar-se nos latifúndios como arrendatários, em troca de proteção.
A servidão disseminou-se na Europa no século X e tornou-se a forma predominante de organização do trabalho agrário europeu durante toda a Idade Média. Sobreviveu na Inglaterra até o século XVII, na França até a Revolução Francesa (1789) e, na maioria dos países europeus, até o início do século XIX. Na Rússia, a servidão durou até1861, tendo sido o último país do mundo a libertar seus servos.
A servidão praticamente não existiu em Portugal, devido à existência de terra livre abundante nas regiões conquistadas aos árabes no sul do país. A fuga dos camponeses para essas terras — cujos novos senhores, para atrair trabalhadores, davam boas condições de trabalho — obrigou a melhoria das condiçőes também no norte, impedindo o desenvolvimento da servidão da gleba.
A escravidão (denominada também escravismo, escravagismo e escravatura) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.
O dono ou comerciante pode comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal, mas isso não é regra. Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como mercadoria: na Idade Antiga, haja vista que os escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, isto pois ele eram propriedade do Estado espartano, que podia conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado que tinha poder sobre eles. A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior, embora já na Antiguidade as diferenças raciais fossem bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia fortes disparidades fenotípicas. Na antiguidade também foi comum a escravização de povos conquistados em guerras entre nações. Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão-de-obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes.
http://sociologiaeducao.blogspot.com.br/2011/05/escravidao-servidao.html
A servidão evoluiu a partir da estrutura fundiária do Baixo Império Romano, caracterizada pela existência delatifúndios nos quais a mão-de-obra era formada por arrendatários que trabalhavam nos campos do proprietário e recebiam um lote de terra para a sua subsistência, mediante aluguel. Com a instabilidade do Império nos séculos III e IV d.C., diversos pequenos proprietários passaram a vender suas terras para os grandes senhores de terras e a empregar-se nos latifúndios como arrendatários, em troca de proteção.
A servidão disseminou-se na Europa no século X e tornou-se a forma predominante de organização do trabalho agrário europeu durante toda a Idade Média. Sobreviveu na Inglaterra até o século XVII, na França até a Revolução Francesa (1789) e, na maioria dos países europeus, até o início do século XIX. Na Rússia, a servidão durou até1861, tendo sido o último país do mundo a libertar seus servos.
A servidão praticamente não existiu em Portugal, devido à existência de terra livre abundante nas regiões conquistadas aos árabes no sul do país. A fuga dos camponeses para essas terras — cujos novos senhores, para atrair trabalhadores, davam boas condições de trabalho — obrigou a melhoria das condiçőes também no norte, impedindo o desenvolvimento da servidão da gleba.
A escravidão (denominada também escravismo, escravagismo e escravatura) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.
O dono ou comerciante pode comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal, mas isso não é regra. Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como mercadoria: na Idade Antiga, haja vista que os escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, isto pois ele eram propriedade do Estado espartano, que podia conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado que tinha poder sobre eles. A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior, embora já na Antiguidade as diferenças raciais fossem bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia fortes disparidades fenotípicas. Na antiguidade também foi comum a escravização de povos conquistados em guerras entre nações. Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão-de-obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes.
http://sociologiaeducao.blogspot.com.br/2011/05/escravidao-servidao.html
domingo, 1 de abril de 2012
Aristocratas versus Burgueses - Raciocinando a respeito
Um apanhado da apostila da última segunda-feira, e duas tabelas "linkando" assuntos que se completam. Espero que tenha contribuído com algo, amigos - abraço.
A r i s t o c r a t a s v e r s u s B u r g u e s e s
(Raciocinando a respeito)
Por: Jorge Luiz da Silva Alves - 3º período História (Noite)/ UCAM Santa Cruz
F R A N Ç A ABSOLUTISTA (SÉCULO XVIII) | F u n ç õ e s | Clero (alto) | Nobreza | P o v o |
Religiosidade Ensino Assistencialismo | A r m a s Profissionais liberais C o r t e | Trabalhos braçais Burguesia(atv. $$) | ||
Privilégios e Rendimentos | Rendas (Rei) Isenção de impostos Isenção Sv Militar Dízimo Tribunais próprios | Isenção de impostos subsídios Rendas (rei/camponeses) Tratamentos especiais Indumentária | N E N H U M |
INTRODUÇÃO => O consenso ainda está longe de ser alcançado. Se os especialistas que consagraram suas vidas à história francesa não conseguem nem mesmo um pouco de concordância, passando um pelo outro inadvertidamente, podemos indagar o que os amadores poderão esperar de tudo isso.
Em têrmos legais: o Antigo Regime era dominado pelos dois primeiros Estados, o clero e a nobreza; na estrutura feudal que vingava na França até fins do século XVIII, a noção de riqueza da terra era um anacronismo num panorama onde instituições capitalistas já vingavam no campo, o desenvolvimento do comércio e da indústria forjara uma dinâmica classe, a burguesia. Esta classe não toleraria indefinidamente a sua posição subordinada; a Revolução de 1789restaurou a harmonia entre o fato e a lei.
O que tornou (segundo Marx) a Revolução Francesa tão específica foi a sua velocidade, violencia e abrangência. E esse radicalismo devera-se a dois processos inter-relacionados: o primeiro, a ação de retaguarda sustentada pelos privilegiados e seus alidos estrangeiros; e em segundo, a ajuda crucial que os burgueses, essencialmente tímidos, recebiam das massas urbanas e dos camponeses. “Não existiram três revoluções em 1789, mas apenas uma, burguesa e liberal, com apoio popular, principalmente camponês” (Albert Soboul). A burguesia podia até falar para a Humanidade, mas seus objetivos estavam estreitamente circunscritos. E foi somente em 1830, com a Revolução de julho, que a burguesia francesa conquistou a segurança, sem precisar representar alguém, a não ser ela mesma.
Pois é: foi contra essa “interpretação clássica” (denominação de Soboul) que os revisionistas lançaram uma série de ataques.
Consequentemente, o primeiro alvo dos revisionistas foi a natureza da transformação social e econômica ocorrida no século XVIII. O que se questiona é se a expansão sócio-econômica tenha intensificado o antagonismo entre nobreza e burguesia.
Foi provado que muitos empresários mais progressistas eram nobres. A maioria dos burgueses mostrava-se positivamente tímida, preferindo investir seu capital em terra, domínios senhoriais, cargos venais e ações do governo. Longe de procurar combater os nobres, o mais intenso desejo de todo bougeois gentilhomme era o de se juntar a eles. Como já fora visto em outras apostilas (Paris no Tempo do Rei Sol, Cap. IV, 'A Vida nos Ofícios', pág 81, 2º par.), muitos cargos enobrecedores estavam à venda que qualquer um dotado de fundos suficientes podia operar a transação. A consequência é que a nobreza francesa ficou muito numerosa. Longe de ser uma casta fechada, a nobreza francesa era uma elite aberta. Pois o Absolutismo francês dera tanto poder à realeza que os nobres precisavam de todo tipo de renda possível; e com isso, barganhavam tudo que fosse-lhes de valia, que fosse do interesse dos subalternos estamentais. A “reação aristocrática” foi um mito.
Os revisionistas salientam também a heterogeneidade da nobreza e da burguesia. O farto acesso aos escalões da nobreza por burgueses terminou unificando por opulência e capacidades os superiores de cada lado numa elite singular, denominada de “os notáveis”. Partindo desta premissa, pergunta-se por quê o sistema ruiu se havia uma harmonia entre os postos de liderança estamentais?
Duas crises surgiram no final da década de 1780:
A primeira, política: À Guerra de Independência Americana, seguira-se a bancarrota financeira da monarquia e o colapso do governo, no verão de 1788; os Estados-Gerais foram convocados e, a partir daí, todo processo revolucionário teve início, com a recusa do Terceiro Estado em se reunir para a votação por ordens. A segunda, econômica, originou-se mais imediatamente do fracasso geral da colheita de 1788, mas com origens mais remotas na pressão demográfica e na recessão iniciada na década de 1770. Foi da fusão dessas duas crises na primavera e no verão de 1789 que possibilitou que a massa de descontentes se tornasse crítica e convertesse a crise numa revolução.
Não foi exatamente uma luta de classes, aristocratas versus burgueses; foi, sim, uma luta pelo poder. O destino que tentavam criar para a França certamente estava talhado para se adequar às necessidades da burguesia, mas teria fornecido um feitio igualmente ajustado aos nobres empreendedores e abastados. Em suma, seria uma França criada pelos “notáveis” e para os “notáveis”.
A Revolução foi “arrancada de seu curso”por conta de uma série de indecisões e limitações dos “notáveis” para conduzir o processo que se avolumava entre 1792 e 1794. Mas, após o golpe do Termidor, os “notáveis” voltaram à cena, e, desta vez, para sempre.
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